Vazão de Três Marias será diminuída após volume subir quase cinco vezes em 2016

A diminuição da vazão vai passar de 150 metros cúbicos por segundo, para 100 metros cúbicos por segundo. Cemig mostra preocupação em relação ao fim do período chuvoso

João Henrique do Vale
As chuvas que atingem Minas Gerais dão um alívio para os reservatórios.
A represa de Três Marias, uma das principais usinas hidrelétricas do estado, localizada no Rio São Francisco, segue em constante crescimento em 2016. Desde o dia 1º de janeiro até esta quarta-feira, o volume de água quase quintuplicou, saindo de 6,9% para 33,7%. Mesmo assim, a situação ainda requer atenção, já que não estão previstas precipitações significativas para região nos próximos meses. Por isso, a Cemig vai diminuir a vazão de 150 metros cúbicos por segundo, para 100 metros cúbicos por segundo. A intenção é armazenar água na represa.

“O que é importante considerar é que estamos em um momento crucial em termos de analise de cenário já que é o final da estação chuvosa e não se espera muita chuva na bacia do São Francisco. Então, continuamos com a política de armazenar água dos reservatórios de Sobradinho e Três Marias, e usar a água quando necessário.
A intenção é guardar esse montante que está chegando (na represa) em torno de 570 metros cúbicos por segundo”, explica Ivan Sérgio Carneiro, engenheiro de planejamento Hidroenergético da Cemig.

A represa de Três Marias enfrentou períodos críticos nos últimos dois anos, principalmente por causa do pequeno volume de chuva em Minas Gerais. Em 2014, o volume total da represa chegou a 2,57%. No ano passado, continuou com níveis bem abaixo do ideal. Em dezembro do ano passado, atingiu 6,7%. Desde o início deste ano, o volume do reservatório subiu 26,8%.

Mesmo com o aumento, a Cemig ainda trabalha com a política de economizar a água, para depois liberar o recurso para ser usado em outras áreas, como a irrigação. “O que está chovendo na bacia e o que os rios estão drenando de água está sendo suficiente para garantir todos os usos. A medida que houver a recessão (com a estiagem), teremos que complementar com a água de Três Marias. Como hoje não precisa, nos sentimos a vontade para reduzir a quantidade de água liberada”, comentou Ivan Carneiro.

De acordo com a Cemig, as estratégias adotadas estão sendo discutidas em reuniões promovidas pela Agência Nacional de Águas (ANA) com a Cemig, Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), comitês das bacias hidrográficas e secretarias dos estados banhados pelo Rio São Francisco. A diminuição da vazão da água foi decidida nessa terça-feira.

Sistema Paraopeba

O volume de chuva também ajuda na recuperação do Sistema Paraopeba, que abastece a Região Metropolitana de Belo Horizonte.
O conjunto de represas está hoje com 54,2% de sua capacidade. Se continuar a média de crescimento diário de 0,3%, em sete dias vai atingir a marca de 56,3%, volume que não é atingido desde julho de 2014.

A alta no sistema, que é composto por três represas, foi impulsionada principalmente por Rio Manso, o maior do conjunto. Nos últimos 30 dias, o reservatório aumentou 11,7% de sua capacidade. Em 15 de fevereiro, estava com 56,,% e nesta quarta-feira atingiu 67,9%. É a maior marca desde setembro de 2014, quando registrou 64% da sua capacidade.

Já a represa de Serra Azul teve um aumento de 6,2 pontos percentuais no período. No dia 15 de fevereiro, estava com 26% da sua capacidade total. Hoje, apresenta 32,2%. Vargem das Flores também segue em recuperação, saiu de 50,9% e, no mesmo período, apresentou quedas.
Mas, voltou a subir e nesta quarta-feira está com 51,1%. .