Expulso de casa, homossexual busca felicidade em boate GLBT

Luiz Ribeiro
Para ser feliz como Bárbara, Igor deixou Jaíba e hoje trabalha em uma boate GLBT em Montes Claros - Foto: Solon Queiroz/Esp.EM/D.A Press
Durante o dia, Igor é um rapaz que carrega mágoas da família e sofre com a rejeição. À noite, é Bárbara, que se liberta e se sente feliz. Essa é a vida de Igor Felipe de Almeida Venâncio, de 23, que foi expulso de casa por causa de sua orientação sexual e se viu obrigado a deixar sua terra natal, Jaíba, e se mudar para Montes Claros.

Igor relata que ainda pequeno percebeu que tinha um lado mais feminino, mas essa condição nunca foi aceita pela mãe, uma comerciante. Ele revela que, aos 18 anos, assumiu para a família a sua real orientação. “Aí, minha mãe disse que não aceitava. Ela falou que não fez um filho para ser gay, mas para ser empresário”, recorda.

O jovem conta que, diante da falta de ambiente em casa, passou a morar com uma tia em Jaíba. Um ano depois, se mudou para Montes Claros. Por causa da mudança, acabou deixando a escola quando faltavam três meses para concluir o ensino médio.
Na nova cidade, teve que se virar para sobreviver. “Já trabalhei de tudo. Trabalhei limpando casas e com a venda de queijo”, descreve.

Atualmente, ele trabalha como animador de uma boate GLBT em Montes Claros. Para exercer a tarefa, se maquia, se veste de mulher e vira Bárbara. Nessa condição, se sente feliz, se liberta dos obstáculos e esquece a rejeição que enfrentou. “Como Igor, sou uma pessoa cheia de mágoas por causa da minha família e das pessoas que eram mais próximas e das quais me afastei. Como Bárbara, sou a pessoa que gosto de ser: alguém que ostenta muita animação e sem problemas.”

Por fim, destaca que busca superar a rejeição da família com fé e com o apoio da Bíblia, lendo sempre o Salmo 91, que diz: “aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará. Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza”.

"Você se sente só", diz o transformista Igor sobre a falta de apoio da família


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