(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Dengue dispara em Coronel Fabriciano e assusta moradores

Cidade lidera notificações da doença entre municípios com população entre 100 mil e 499 mil habitantes, mas há suspeita de que parte dos casos seja de zika


postado em 07/03/2016 06:00 / atualizado em 07/03/2016 07:41

Plantonista em posto de saúde de Fabriciano, a médica Fabiana Takahashi (E) lembra que exames laboratoriais de zika na rede pública são restritos às gestantes(foto: Tulio Santos/E.M/D.A Press)
Plantonista em posto de saúde de Fabriciano, a médica Fabiana Takahashi (E) lembra que exames laboratoriais de zika na rede pública são restritos às gestantes (foto: Tulio Santos/E.M/D.A Press)
Coronel Fabriciano – Nas farmácias, estoques reforçados de repelentes, analgésicos e antialérgicos. A quem se pergunte sobre a dengue nesta cidade da região do Vale do Rio Doce, líder na incidência de casos prováveis entre os municípios brasileiros com população entre 100 mil e 499 mil habitantes, a resposta volta em questionamento: dengue ou zika? “Aqui está tendo é zika. Dor nas articulações e nos olhos, sensação de formigamento, manchas pelo corpo. Todo mundo conhece alguém que já teve”, conta Edson Paiva, de 55 anos, que acompanhou os sintomas da esposa, do irmão e de vários colegas de trabalho. A chegada ao município respondeu à pergunta que intriga desde o início da obrigatoriedade de notificação de gestantes com exantema, manchas vermelhas pelo corpo que são um dos principais sintomas da infecção por zika vírus. De onde são as gestantes que engrossam as estatísticas?

O último Boletim Epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais notificava 755 casos de zika até 29 de fevereiro. Em gestantes, até a semana epidemiológica de número nove, já eram 157 casos suspeitos, seis deles descartados, 121 em investigação e 30 confirmados para doença aguda pelo zika vírus: quatro deles em Coronel Fabriciano, que laboratorialmente também já descartou três. Mas segundo a Secretaria Municipal de Saúde da cidade, as grávidas com suspeita da doença já somam 103 notificações. Estariam, então, dois terços das grávidas em risco de gerar crianças com malformações neurológicas em uma mesma cidade?

Patrícia Teles, de 28 anos, grávida de oito meses, e Emília Martins Paixão, de 19 anos, em uma gestação de 11 semanas, desejariam que não. Mas sim, a zika tem assustado Coronel Fabriciano. Na última quinta-feira, elas deixaram a Unidade de Hidratação da cidade apreensivas e com o pedido do exame capaz de identificar material genético do zika vírus no sangue, o PCR. Contrariando alertas das entidades de saúde, trajavam vestido e camiseta, deixando grande parte do corpo descoberta para ação do Aedes aegypti, prática arriscada para quem vive em uma região com tamanha incidência de infecções. O relato das ruas, de que eram, na verdade, casos de zika, é reforçado pela diretora de Vigilância em Saúde do município, Amanda Lacerda.

Até 1º de março, Coronel Fabriciano tinha 5.057 casos prováveis de dengue e 351 notificações de infecção por zika. Não é a primeira epidemia de dengue na cidade, onde foi decretado estado de emergência por causa da doença. Segundo Amanda, em 2013 houve muitos casos de dengue. “Este ano, já tivemos confirmação laboratorial para a circulação também do zika vírus. Em função de outras epidemias no passado, a população já estava imunizada para alguns tipos de vírus da dengue, mas não para a zika. Acreditamos, inclusive, que grande parte desses casos de dengue sejam, na verdade, zika, mas até três semanas atrás o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) sequer permitia essa diferenciação. Todos os casos acabaram sendo notificados como dengue”, pondera.

Patrícia e Emília estavam naquela situação em que dengue seria o melhor diagnóstico, afinal, temem complicações neurológicas em seus bebês, como a microcefalia. “É minha primeira gravidez, o bebê já está quase nascendo, o que me tranquiliza um pouco porque me explicaram que o maior risco de malformação é quando o feto é infectado no início da gestação”, pondera Patrícia. Mas o corpo tomado por manchas vermelhas deixa tudo em suspenso. “Como estava usando repelente, achei que podia ser até uma alergia ao produto. Agora estou ainda mais ansiosa com o nascimento da Milena. Desde que ouvi sobre os casos de microcefalia comecei a fazer minha parte. Estou usando o repelente, mas moro perto da linha do trem, tem muito entulho”, lamenta.

Emília tem mais motivos para se preocupar. Primeiro, porque os sintomas apareceram no primeiro trimestre de gestação e quanto mais cedo piores os efeitos da infecção por zika, embora a infecção não signifique que o bebê necessariamente terá alguma malformação. Segundo, porque tem consciência de que se descuidou. “Parei de usar o repelente. O cheiro é muito forte, estava me enjoando”, relatou à médica. Segundo Fabiana Takahashi, uma das plantonistas na Unidade de Hidratação, há muitos casos de zika, mas eles são identificados apenas por avaliação clínica. “Os exames que comprovam a contaminação pelo vírus são restritos às gestantes, não só aqui”, explica.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)