“A simbologia do nu no protesto é para mostrar que somos vulneráveis, que ali tem um corpo, uma vida, não temos nenhuma estrutura em volta da gente”, explica a designer gráfico Bruna Caldeira, de 32 anos, uma das organizadoras do protesto em BH. Ela pedala há 11 meses.
Ela estima que cerca de 100 pessoas participaram da pedalada. A concentração foi na Praça do Ciclista, que fica na Rua Carandaí, no Bairro Funcionários, onde os participantes fizeram pinturas corporais. Nem todos ficaram completamente nus. Após a chegada de uma bicicleta com aparelho de som, eles seguiram pelas ruas da capital. Algumas pessoas tiraram a roupa somente na saída da pedalada.
A pedalada terminou sob o Viaduto Santa Tereza, quando o grupo foi abordado pela Polícia Militar. Segundo Bruna, um amigo que estava mais próximo disse que os policiais pediram para que as pessoas se vestissem. Não houve ocorrência e a manifestação foi concluída de forma pacífica. “As pessoas na rua tiveram uma recepção muito legal. Achavam divertido, tiravam fotos, riam”, comenta Bruna.
CAPITAL PERIGOSA Em fevereiro, o Estado de Minas publicou o resultado de um estudo inédito concluindo que BH é a cidade em que os ciclistas mais temem o trânsito.
O levantamento ouviu 5.012 usuários em 10 municípios do Brasil. Na capital mineira, 37,8% dos entrevistados disseram que a falta de segurança no trânsito é o principal problema. O percentual é 66,5% superior ao da média nacional (22,7%). A pesquisa faz parte do projeto Parceria Nacional pela Mobilidade por Bicicletas, iniciativa da Transporte Ativo e suporte técnico do Observatório das Metrópoles e do Laboratório de Mobilidade Sustentável da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O risco enfrentado na cidade por quem se desloca em bikes é referendado por uma estatística do Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII, o maior do estado. O total de ciclistas que se envolveram em acidentes de trânsito e foram atendidos na instituição de saúde cresceu 34,8% de 2014 para 2015, aumentando de 316 ocorrências para 426.