Epidemia agrava déficit de profissionais de saúde

Trabalhadores denunciam que pressão extra da dengue e de novos vírus deixa ainda mais evidentes efeitos da falta de materiais e de reposição em equipes desfalcadas

Carolina Mansur
Apreensão e angústia fazem parte da rotina da pediatra Ariete Araújo, que também é diretora do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG) e denuncia problemas em unidades como a UPA Norte, onde atende.
Segundo ela, a falta de medicamentos e insumos básicos, como lençol para macas, papel-toalha e outros itens de uso corriqueiro, fica mais evidente com a epidemia. Com o aumento da demanda, ela garante que a ausência desses materiais e de mão de obra é mais sentida por pacientes e profissionais. “Na escala da pediatria e enfermaria não tem reposição quando alguém sai de licença ou de férias. Se aumenta demanda, tem sobrecarga maior de trabalho”, acrescenta.

A falta do teste rápido de dengue é outra preocupação. Na UPA Norte, segundo a pediatra, os testes acabaram há duas semanas. “Fazemos um diagnóstico presumido com hemograma e avaliação dos sintomas, mas em crianças é mais difícil”, diz ela, lembrando que o diagnóstico final de dengue pode levar um mês. Preocupação recorrente nos ambulatórios é também a falta de dimensão da epidemia de zika.
“Apenas 20% dos que têm zika apresentam sintomas, então não sabemos mensurar quantas pessoas estão mesmo infectadas. Já na febre chikungunya, 70% têm sintomas, que podem se prolongar por meses”, conta.

Os sinais de cada doença. Clique e saiba mais. - Foto: Procurada para se posicionar diante das queixas dos médicos, a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte informou que não há falta generalizada de medicamentos, insumos e materiais, mas que podem ocorrer faltas pontuais, em função de problemas na entrega pelo fornecedor e/ou recursos em processos licitatórios. Em nota, a secretaria informou ainda que o Plano de Contingência Assistencial contempla ações para o paciente, considerando a atenção básica, unidades de urgência, internação e transporte sanitário, com o objetivo principal de evitar a ocorrência de óbitos.

Entre as ações adotadas neste ano, segundo a pasta, está a instalação de leitos na UPA Odilon Behrens para hidratação venosa e atendimento clínico na UPA Venda Nova. Além disso, a secretaria sustenta que todas as UPAs já foram reforçadas com aumento no número de médicos e que o Plano de Contingência prevê ainda ampliação na equipe de acordo com a demanda de cada área. A secretaria não confirmou a falta de testes rápidos e informou que o exame não é obrigatório, mas que a PBH o disponibiliza para apoiar no diagnóstico diferenciado.
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