“Não” é uma expressão que o engenheiro metalúrgico Weslley Santos Soares, de 28 anos – assim como tantos homens – interpreta à sua conveniência quando sai da boca de uma mulher, afirmam estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop).
Na madrugada do dia 20, durante a festa de formatura de um estudante da República Pif Paf, que pertence à Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), ele teria ouvido a palavra um bom número de vezes de diversas moças pelas quais se sentiu atraído e das quais tentou se aproximar. Em nenhuma delas, contudo, teria reagiado como se espera ao termo tão curto, direto e simples.
Ao contrário, respondeu às negativas com violência, segundo o relato das jovens envolvidas: um empurrão no pescoço de Mariana Carvalho Araújo, de 23; um soco no queixo Nara Hangai Costa, também de 23; um murro no olho de Marcelle Henrique Ávila, de 20. Todas elas alunas da Ufop. Sem contar o festival de ofensas baixas e preconceituosas, bem como depredação do local em que a comemoração se dava – atos também relatados pelos convidados do evento.
O episódio foi narrado em um post do Facebook na página República Rebu – até o momento, com mais de 7,9 mil curtidas e quase 2 mil compartilhamentos.
Segundo Marcelle, estudante do 5º período do curso de arquitetura da Ufop, tudo começou quando Weslley tentou beijá-la sem permissão, quando ela buscava uma bebida no freezer da casa. “Ele chegou em mim já pegando, eu disse pra ele sair, para ter respeito e me afastei dele. Mas ele apareceu um pouco depois, de novo, na boate (a república mantém uma sala destinada a este fim), e ficou intimidando a mim e às outras meninas que estavam comigo”.
Sem se constranger, Soares abordou então Mariana Carvalho Araújo, aluna do 4º período de engenharia metalúrgica. Mesmo depois de sinalizar que não desejava se relacionar com o moço, ela ainda insistiu em se fazer entender: “Fica de boa, cara”, disse a garota. Nada, contudo, parecia ser capaz de deter o agressor. “Ele me estendeu a mão e falou: 'Toca aqui’. Eu toquei. Daí, ele segurou meu braço com muita força e me puxou contra ele, para me falar umas coisas no ouvido. Eu disse que, se ele não me soltasse, ia morder a orelha dele. Como não me soltou, mordi, e daí e ele me empurrou pelo pescoço”, conta.
Numa tentativa de defender a amiga, Nara e Marcelle partiram para cima de Weslley. Forte e, segundo pessoas do círculo social dele, lutador de jiu-jítsu, o homem desferiu nas moças golpes que resultaram em dois pontos no queixo de Nara e um hematoma ocular em Marcelle. “Depois disso, os meninos da república tentaram contê-lo, mas ele era muito violento. Começou a depredar a casa inteira, jogava engradados de cerveja em cima dos outros. Nem da polícia ele parecia ter medo. Quando a PM chegou, ele falava assim: ‘Chama logo um advogadinho de merda. E a polícia podia me liberar logo, que tenho que acabar de quebrar a casa'’’, recorda-se Nara.
“Ele nos xingou de várias coisas também. De p… para baixo. Negava que tinha chegado nas meninas, falando que imagina se ele ia querer essas mulheres gordas e feias para c...”, completa Flávia Martinez Gobato, de 24, estudante de jornalismo, que também estava presente na ocasião.
Machismo
O caso foi registrado pela Polícia Militar como lesão corporal leve. Segundo a Polícia Civil, o rapaz também prestou depoimento e foi liberado em seguida, depois de assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO). Para Nara Hangai, o sentimento, com o episódio, é de insegurança e indignação. “Só tenho coragem de andar na rua porque sou de Ouro Preto e as pessoas conhecem esse cara por aqui. Minha família também é daqui e me defende e me apoia. Se não fosse isso, acho que não teria nem ido à delegacia. Ficaria com muito medo de encontrar com o Weslley na rua e apanhar mais. Infelizmente, a nossa sociedade é muito machista. O fato de a gente ter denunciado causa repercussão, pois são poucas mulheres ainda que denunciam, mesmo com medo, porque o homem fazer o que esse menino fez é considerado normal. E não é”, enfatiza.
Flávia Martinez ressalta ainda que, em breve, ela e outras alunas vão organizar uma reunião para discutir a violência contra a mulher. “Todas serão bem-vindas: estudantes, senhoras, vinculadas ou não à Ufop. Queremos trazer até textos acadêmicos para a discussão. Precisamos fazer alguma coisa, isso não pode ficar assim”, reflete.
Repúdio
Ao contrário, respondeu às negativas com violência, segundo o relato das jovens envolvidas: um empurrão no pescoço de Mariana Carvalho Araújo, de 23; um soco no queixo Nara Hangai Costa, também de 23; um murro no olho de Marcelle Henrique Ávila, de 20. Todas elas alunas da Ufop. Sem contar o festival de ofensas baixas e preconceituosas, bem como depredação do local em que a comemoração se dava – atos também relatados pelos convidados do evento.
O episódio foi narrado em um post do Facebook na página República Rebu – até o momento, com mais de 7,9 mil curtidas e quase 2 mil compartilhamentos.
Segundo Marcelle, estudante do 5º período do curso de arquitetura da Ufop, tudo começou quando Weslley tentou beijá-la sem permissão, quando ela buscava uma bebida no freezer da casa. “Ele chegou em mim já pegando, eu disse pra ele sair, para ter respeito e me afastei dele. Mas ele apareceu um pouco depois, de novo, na boate (a república mantém uma sala destinada a este fim), e ficou intimidando a mim e às outras meninas que estavam comigo”.
Sem se constranger, Soares abordou então Mariana Carvalho Araújo, aluna do 4º período de engenharia metalúrgica.
Numa tentativa de defender a amiga, Nara e Marcelle partiram para cima de Weslley. Forte e, segundo pessoas do círculo social dele, lutador de jiu-jítsu, o homem desferiu nas moças golpes que resultaram em dois pontos no queixo de Nara e um hematoma ocular em Marcelle. “Depois disso, os meninos da república tentaram contê-lo, mas ele era muito violento. Começou a depredar a casa inteira, jogava engradados de cerveja em cima dos outros. Nem da polícia ele parecia ter medo. Quando a PM chegou, ele falava assim: ‘Chama logo um advogadinho de merda. E a polícia podia me liberar logo, que tenho que acabar de quebrar a casa'’’, recorda-se Nara.
“Ele nos xingou de várias coisas também.
Machismo
O caso foi registrado pela Polícia Militar como lesão corporal leve. Segundo a Polícia Civil, o rapaz também prestou depoimento e foi liberado em seguida, depois de assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO). Para Nara Hangai, o sentimento, com o episódio, é de insegurança e indignação. “Só tenho coragem de andar na rua porque sou de Ouro Preto e as pessoas conhecem esse cara por aqui. Minha família também é daqui e me defende e me apoia. Se não fosse isso, acho que não teria nem ido à delegacia. Ficaria com muito medo de encontrar com o Weslley na rua e apanhar mais. Infelizmente, a nossa sociedade é muito machista. O fato de a gente ter denunciado causa repercussão, pois são poucas mulheres ainda que denunciam, mesmo com medo, porque o homem fazer o que esse menino fez é considerado normal.
Flávia Martinez ressalta ainda que, em breve, ela e outras alunas vão organizar uma reunião para discutir a violência contra a mulher. “Todas serão bem-vindas: estudantes, senhoras, vinculadas ou não à Ufop. Queremos trazer até textos acadêmicos para a discussão. Precisamos fazer alguma coisa, isso não pode ficar assim”, reflete.
Repúdio
A assessoria de comunicação da Ufop foi procurada pela reportagem para se manifestar sobre o caso, mas ainda não respondeu às ligações. Nara Hangai, entretanto, afirma que todas as estudantes envolvidas na situação estão recebendo todo o apoio da universidade, como auxílio psicológico, por exemplo. O reitor também deve conversar com as envolvidas em breve.
A República Pif Paf publicou, em sua página no Facebook, uma nota lamentando o ocorrido e condenou o ato do ex-morador da casa. “Reforçamos a posição da República Pif-Paf contra todo tipo de violência, discriminação e machismo. E desde já nos desculpamos por tais atos terem ocorrido dentro de nossa tão estimada casa. (...) Diante dos fatos, que nos provocaram, primeiro espanto, posteriormente revolta, acionamos prontamente os órgãos competentes, prestando assistência aos envolvidos e buscamos atenuar, dentro do possível, os danos causados”, diz o comunicado.
O Estado de Minas procurou ainda a Federação Mineira de Jiu-Jítsu para que a entidade confirmasse se Weslley Santos Soares é de fato praticante registrado da arte marcial e qual o posicionamento do órgão em relação ao fato de um atleta utilizar conhecimentos de luta para agredir mulheres. Mestre Adair, presidente da entidade, disse que fará a busca do registro do jovem. Caso o grupo ao qual ele pertence o denuncie e comprove a agressão, Soares pode ser julgado pela Justiça Desportiva e perder a graduação.