Polícia investiga morte de casal em baile funk na Praça do Papa

Testemunhas contaram que as vítimas foram espancados por outros participantes da festa marcada pelas redes sociais, mas a hipótese ainda não foi comprovada

João Henrique do Vale
A morte de um casal de jovens durante um baile funk clandestino na Praça do Papa, um dos principais cartões-postais de Belo Horizonte, é investigada pela Polícia Civil.
Os dois foram levados para hospitais da capital mineira durante o evento, mas não resistiram e morreram. Testemunhas contaram que os dois foram espancados, mas a hipótese ainda não foi comprovada. A delegada Ingrid Estevan, responsável pelo caso, aguarda o laudo de necropsia do Instituto Médico Legal (IML), que vai determinar a causa da morte. Moradores reclamam dos eventos que acontecem sem autorização na praça e tiram o sono dos vizinhos.

Os dois jovens, Vitor Almeida de Oliveira, de 23 anos, e Lara Ferraz Medina da Silva, de 16, participavam de um evento chamado pelos organizadores como “Segunda sem lei Praça do Papa”, na madrugada de terça-feira. A convocação foi feita pelo Facebook. No boletim de ocorrência (B.O) consta a versão de uma testemunha que informou que o casal foi morto durante uma briga com outros frequentadores do local.


Segundo o B.O, Vitor se envolveu em uma briga e foi espancado. Ele foi levado para o Hospital João XXIII, onde chegou em parada cardiorrespiratória e não resistiu. Ainda na versão da testemunha, Lara tentou proteger o companheiro e também foi agredida. Ela foi levada para um hospital particular na Região Centro-Sul de BH, mas também não resistiu aos ferimentos. O corpo dela foi enterrado por volta das 16h30 desta quarta-feira no Cemitério Bosque da Esperança, no Bairro Jaqueline, na Região Norte de Minas Gerais. No documento da polícia, consta que o primo de Vitor informou que eles constumavam ir a Praça do Papa para consumir drogas. 

De acordo com a delegada Ingrid Estevan, as hipóteses ainda serão apuradas. “A testemunhas deu a versão para a equipe da Polícia Civil que fez os primeiros levantamentos no local. Ainda não ouvi essa pessoa em cartório para confirmar a versão. Ainda estamos esperando o laudo do IML que vai determinar as causas das mortes”, afirma. O laudo vai detectar se as mortes foram por agressões ou uso de drogas, segundo a polícia.

Moradores insatisfeitos

A situação das festas em praças e mirantes do Mangabeiras vem tirando o sono dos moradores do bairro e de outros próximos a região. As famílias relatam que os eventos acontecem constantemente na Praça do Papa e no Mirante da Caixa D'água. No primeiro local citado, as festas são maiores e no segundo mais constantes.
“Normalmente junta mais de 500 pessoas. A polícia até aparece, mas é tanta gente que duas viaturas não dão conta. Vemos o consumo indiscriminado de bebidas alcoólicas, de drogas, som alto a noite inteira, mulheres seminuas. O desrespeito é tão grande que os veículos circulam pela contramão”, disse uma moradora que não quis se identificar.

No último evento, que começou na noite de segunda-feira e só terminou na madrugada do dia seguinte, o evento chamado de Segunda Sem Lei na Praça do Papa, teve início por volta das 22h. Os organizadores pediram para os participantes levarem bebidas alcoólicas e prometeram som automotivo. “Esse bairro virou uma loucura. Já tem um ano e meio, mais ou menos, que está rolando essas festas. O maior problema é que eles saem da praça e continuam a bagunça no mirante da Caixa D'água”, afirmou outro morador que pediu anonimato.

Em nota, a PM informou que são realizadas ações e operações desencadeadas por meio de monitoramento.
Na região, a corporação disse que são realizadas no local modalidades de policiamento da PM, como ciclopatrulha, motopatrulha, Patrulha de Atendimento Comunitário, Base Comunitária Móvel e Patrulha de Prevenção Ativa. .