Chuvas expõem má conservação e perigos nas estradas de Minas

Precipitações dos últimos atrasam reparos de trincas, buracos e deslizamentos de barrancos em rodovias que cortam o estado. Balanço aponta problemas em trechos de 17 vias

João Henrique do Vale
Sequência de buracos no km 502 da BR-381, em Betim, põe em risco a vida dos motoristas, obrigados a dirigir em zigue-zague - Foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press
Trafegar pelas estradas mineiras no início deste ano requer mais habilidade, atenção e destreza dos motoristas. A chuva que atinge Minas Gerais, principalmente a Região Metropolitana de Belo Horizonte, há aproximadamente 10 dias expõe problemas de conservação e ainda atrasa os reparos. As rodovias estaduais e federais, mesmo em trechos privatizados, estão com trincas, buracos e deslizamentos de barrancos. Balanço divulgado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e pelo Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER/MG) indica que trechos de 17 estradas estão com problemas.

Não é necessário ir longe da capital mineira para passar por erosões, buracos e trincas no asfalto. Na BR-381, em direção a São Paulo, a destruição na rodovia começa logo depois do posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Entre os quilômetros 501 e 502, duas sequências de buracos, de aproximadamente 20 metros, põem motoristas em risco. Alguns têm um palmo de profundidade. Para tentar fugir das armadilhas, condutores jogam os veículos para o acostamento e para perto da pista lateral.
Enquanto a reportagem passava pelo trecho, o motorista de uma caminhonete tentou desviar e quase perdeu o controle da direção ao fazer o zigue-zague.

A situação crítica continua por pelo menos 18 quilômetros até a entrada de Brumadinho. Do km 502 até o 505, há avarias dos dois lados da pista, em direção a São Paulo. Por causa disso, dificilmente os motoristas conseguem fugir e acabam caindo nos buracos. Técnicos da Autopista Fernão Dias, responsável pela rodovia, iniciaram obras de recapeamento nas proximidades do km 508. O trecho está parcialmente interditado. Até mesmo no acostamento há buracos de todos os tamanhos.

Retornando para Belo Horizonte, a situação da rodovia também é ruim. O trecho mais complicado é na subida da Serra de Igarapé. Embaixo de uma passarela nas proximidades do km 508, em uma curva, pelo menos 30 buracos complicam a vida dos motoristas. Por lá, borracheiros estão faturando. “Só hoje (ontem) já consertei quatro pneus de carros que passaram em buracos. Está assim desde sexta-feira, quando começou a chover. Infelizmente, alegria nossa e tristeza deles”, comenta Thiago Alves, de 18 anos, que trabalha em uma borracharia no trecho. “Nunca vi isso do jeito que está.
Antes, apareciam alguns buracos, mas nada nessa quantidade”, completou.

Em nota, a Autopista Fernão Dias informou que realiza a manutenção de toda extensão da rodovia Fernão Dias entre Guarulhos (SP) e Contagem (MG). A concessionária disse, ainda, que segue o cronograma efetivo de manutenção do pavimento já estabelecido no planejamento anual. Porém as condições climáticas e, principalmente, as chuvas intensas registradas nesse início de ano dificultaram a realização da manutenção definitiva dos trechos. Por fim, a empresa esclarece que realiza uma operação para tapar buracos com PMF (Pré Misturado a Frio) ao longo da rodovia e assim que o período chuvoso cessar os trabalhos de manutenção definitiva serão iniciados.

Outra rodovia privatizada com problemas no asfalto é a MG-050, em Mateus Leme, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Desde segunda-feira, a pista está parcialmente interditada no km 66,7 por causa de trincas no asfalto. “Estamos fazendo uma análise do local, mas, provavelmente, vamos criar desvios para a pista em direção a Belo Horizonte. Os veículos vão trafegar em um trecho de 500 metros e depois retornar para a pista no sentido Divinópolis”, afirmou o gerente de operações da concessionária Nascentes Gerais, Marcelo Aguiar. Segundo ele, a chuva pode atrapalhar o andamento da obra. “É um problema simples, que poderíamos reparar em 10 a 15 dias. Mas, com o mau tempo, deve demorar mais de 30 dias”, comentou.

No retorno da BR-356, próximo ao Bairro Olhos D’água, limite entre as regionais Oeste e Barreiro de Belo Horizonte, pelo menos três buracos já surgiram na pista.
Como estão em uma curva, os motoristas têm dificuldade de se desviar deles. Na Via Expressa, entre Betim e Contagem, há erosões no asfalto desde o Bairro Cidade Verde, em Betim, até o Parque São João, em Contagem. Além da chuva, o grande número de caminhões que circulam na região complica ainda mais a situação. No Sul de Minas, interdições ocorrem nas BRs-460, entre Carmo de Minas e Lambari, e 354, no trecho da Serra de Itamonte.

Balanço do DER Segundo balanço divulgado ontem pelo DER-MG, o estado tem 14 trechos de rodovias estaduais com problemas. Desse total, quase 40 ocorrências têm relação com queda de barreira, erosão, rompimento e abatimento de aterro, abatimento de pista ou excesso de água sobre o asfalto. De acordo com o Dnit, 10 rodovias federais estão interditadas em todo o Brasil. Dessas, duas são em Minas Gerais – as BRs 560 e 354.

Nos trechos estaduais, a Polícia Militar Rodoviária (PMRv) faz o levantamento das áreas de perigo. “Fizemos o mapeamento de todas as rodovias verificando as condições que possam causar acidentes. Quando detectados, oficiamos os órgãos competentes para que façam os reparos”, explica o major Carlos Eduardo Ferreira. “Neste período de chuva, o pessoal tem que reduzir a velocidade, redobrar a atenção e passar embaixa velocidade nas poças d’água”, alertou. (Colaborou Rafael Passos)
Risco na pista: trechos com problemas provocados ou agravados pelas chuvas. Fonte: DER/MG e Dnit - Foto:
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