Grupos carnavalescos de BH resistem ao patrocínio de empresas

Os blocos apostam em formas alternativas para arrecadar dinheiro, como a realização de festas conjuntas e doações com a distribuição de brindes

Márcia Maria Cruz
O Carnaval de Belo Horizonte cresce ano a ano, o que exige dos blocos de rua que melhorem a estrutura de som e toda a produção.
Apesar de os gastos aumentarem na mesma proporção que o público, grande parte dos grupos carnavalescos da cidade não quer seguir e xemplo de outras capitais brasileiras, onde a festa tem patrocinadores.

Os blocos optaram por formas alternativas de arrecadar dinheiro para custear a folia. No dia 23, cinco deles (Então, Brilha!, Pena de Pavão de Krishna, Juventude Bronzeada, Tchanzinho Zona Norte e Baianas Ozadas) realizarão a Sonoriza – financiamento Carnaval festivo, festa conjunta para arrecadar fundos para serem investidos no som. “Não privatizaremos o Carnaval do Tchanzinho. Não vamos vender a imagem do bloco para nenhum patrocinador”, atesta uma das fundadoras Laila Heringer Costa, de 32. O bloco conta com a colaboração dos integrantes e dos familiares e com a venda de camisas.

O Alcova Libertina criou uma campanha de financiamento coletivo com o objetivo de arrecadar cerca de R$ 25 mil. “Gastamos muito fazendo o Carnaval. É inviável arcar com os custos.
Não queremos receber patrocínio de marca de cerveja ou de qualquer outro produto. Por isso, pensamos no financiamento coletivo”, defende Marcos Sarieddine, um dos fundadores.

Os recursos serão usados para melhorar a estrutura de som, pagar produção e figurino dos integrantes do grupo. Foi criada uma página onde as doações podem ser feitas. Os valores variam de R$ 20 a R$ 200. Cada doação dá direito a brindes como bottons, camisetas, canecas e o vídeo do desfile. Os foliões que queiram colaborar podem acessar a página www.benfeitoria.com/blocodaalcova2016. No site, o grupo mostra em que cada real será investido. Um mar de 60 mil pessoas acompanhou o bloco que desfilou na Avenida dos Andradas no ano passado e se caracteriza por tocar rock in roll.

Se o financiamento conta com soluções caseiras, o fechamento das ruas para que os blocos desfilem tem sido um problema recorrente. No ano passado, a saída do desfile do Baianas Ozadas atrasou três horas, porque o trânsito não foi completamente fechado na Avenida João Pinheiro e nas ruas próximas. O bloco se concentra, às 10h da segunda-feira de Carnaval, na Praça da Liberdade, sai às 12h e encerra o desfile por volta das 17h na Praça da Estação.

Heleno defende que é preciso dimensionar melhor os banheiros químicos e melhorar o policiamento. Cerca de 5 mil foliões acompanharam o bloco Tchanzinho Zona Norte em 2015. Para este ano, os organizadores trabalham com a possibilidade de esse número dobrar. “A tendência é crescer um pouco mais que o ano passado”, avalia Laila.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da Belotur para saber da estrutura prevista para o Carnaval, mas o órgão não deu nenhum retorno..