Há oito anos, o empresário Fábio Gama vive do turismo no Rio Doce. Dono de uma loja de ecoturismo em Regência, distrito de Linhares (ES), onde está a foz do rio, Fábio trabalha com aluguel de caiaques, barcos e jets kis. Desde que a lama chegou ao local, no dia 21, seu trabalho parou. “Todo o lazer aqui, da criança ao idoso, era no Rio Doce. Tudo foi interrompido”, lamenta Fábio, que é também presidente da associação de moradores do povoado de Regência.
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A chegada do verão, aliás, é uma infeliz coincidência para os empresários que vivem do turismo na região. Fábio lembra que todos, em especial os donos de pousadas, investiram e esperavam muito do próximo verão, uma vez que, com a alta do dólar, a tendência seria o aumento do turismo dentro do Brasil.
PESCADORES No início deste mês, a Samarco fez um acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT) do Espírito Santo, se comprometendo a arcar com a renda dos trabalhadores que exerciam atividades vinculadas ao Rio Doce, seus afluentes e margens, bem como lagos, lagoas e águas marinhas também atingidos pelo impacto do rompimento da barragem. A estimativa era de que milhares de pescadores, pequenos produtores rurais, lavadeiras, extratores de areia e pedra, barqueiros, carroceiros, além de outros profissionais afetados, fossem contemplados com a pagamento do auxílio-subsistência, no valor de um salário mínimo, com acréscimo de 20% por integrante da família.
Nesta semana, no entanto, pescadores de Colatina, Baixo Guandu e Linhares voltaram a procurar o Ministério Público por acreditarem ser pouco o valor de um salário mínimo estipulado no acordo..