O corpo encontrado pelo Corpo de Bombeiros em Bento Rodrigues 35 dias depois do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, é do morador da comunidade Antônio Prisco de Souza, de 74 anos. Familiares fizeram o reconhecimento nesta sexta-feira. Com a confirmação, sobre para 16 o número de mortes da tragédia. Outras três pessoas, funcionários terceirizados da Samarco, responsável pela mina que se rompeu, seguem desaparecidos.
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Bombeiros localizam corpo na região do rompimento da Barragem do FundãoVeja os depoimentos dos fotógrafos do Jornal Estado de Minas sobre o desatre de Mariana Em meio a impasse, moradores atingidos por lama da Samarco sonham retomar rotina Pela 1ª vez em Minas, empresas que controlam a Samarco são rés em processo contra mineradoraBarragem de Fundão não podia receber rejeitos de mina da Vale, diz SemadLama de rejeitos da barragem de Fundão destruiu 324 hectares de Mata AtlânticaO Corpo de Bombeiros continuam as buscas.
proximidades do reservatório de Fundão. Ao todo, 18 militares (10 do Batalhão de Ouro Preto e oito de Ponte Nova), participam dos trabalhos. Os funcionários desaparecidos são Ailton Martins dos Santos, de 55, Vando Maurílio dos Santos, de 37, e Edmirson José Pessoa, de 48.
Investigações
As apurações sobre as causas e responsabilidades do rompimento da barragem em Mariana, que além das mortes causou uma das maiores tragédias ambientais do Brasil, continua sendo feitas pelas polícias Civil e Federal, além dos ministérios públicos Federal e Estadual.
O Delegado regional de Ouro Preto, Rodrigo Bustamante, já ouviu 48 pessoas, entre elas o diretor-presidente presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, profissionais responsáveis por áreas técnicas da mineradora, funcionários terceirizados que estavam trabalhando no local no dia da tragédia e familiares das vítimas. A Polícia Civil conseguiu na Justiç a dilação de 30 dias no prazo para a conclusão do inquérito.
Multas e ações judiciais
Enquanto as investigações e as buscas por desaparecidos continuam, a Samarco e as empresas a controlam, Vale e BHP Billinton, são alvos de multas e ações judiciais. Nessa quinta-feira, o promotor Guilherme de Sá Meneghin entrou no fórum da cidade com ação civil pública pedindo à Justiça que obrigue a mineradora e as duas gigantes a cumprir uma lista de cláusulas para resguardar os direitos das vítimas e a reconstrução dos vilarejos arrasados. A medida, que pela primeira vez na Justiça mineira inclui com réus os dois pesos-pesados da mineração mundial, foi adotada após comunicado da Samarco de que não assinaria o compromisso na data limite estipulada pela promotoria. A Vale reagiu, criticando o que considera precipitação do MP e afirmando não se considerar responsável pelo acidente.
No mesmo dia, a presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Marilene Ramos, estimou que a biodiversidade da bacia hidrográfica do Rio Doce só se recuperará em dez anos, após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, no dia 5 de novembro.