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Estado de Minas

Professor da UFMG cita iniciativas que podem recuperar áreas devastadas

Falta de ação de autoridades é alvo de crítica do especialista


postado em 28/11/2015 11:00 / atualizado em 28/11/2015 12:45

Peixe morto no Rio Doce, na altura do distrito de Baguari: biólogo defende força-tarefa formada por pesquisadores de universidades(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Peixe morto no Rio Doce, na altura do distrito de Baguari: biólogo defende força-tarefa formada por pesquisadores de universidades (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolve projetos de pesquisa relacionados à avaliação de danos e intervenções na Bacia do Rio Doce que poderiam contribuir para a recuperação da área devastada pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, mas não há sinalização de que autoridades buscarão parceria com a instituição. O alerta é do professor e biólogo Ricardo Motta Pinto Coelho, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, para quem “o desastre de Mariana terá efeitos muito graves, a curto, médio e longo prazos”. “O governo deveria criar uma força-tarefa envolvendo pesquisadores”, defende.

O biólogo critica o que considera “falta de atenção” de autoridades com os desdobramentos da tragédia. Ele considera inadequada, por exemplo, a forma como é feito o monitoramento da água do Rio Doce. “É insuficiente. Foram divulgados dados de cerca de 15 pontos distribuídos ao longo do rio e nos tributários afetados. Dada a extensão do desastre, teríamos que trabalhar com um número muito maior de pontos de coleta”, defendeu.

Segundo ele, o governo deveria articular uma rede de pesquisa, envolvendo universidades públicas e particulares, para medir a contaminação provocada na bacia pela lama de rejeitos. “Acho inadequado ficar divulgando dados oficiais contratados em laboratórios particulares. O governo tem a obrigação de coordenar e participar ativamente de todas as etapas do monitoramento e recuperação ambiental que serão exigidos nesse caso”, opinou. Coelho listou como problemas ambientais mais graves possíveis casos de contaminação, extinção de espécies, instabilidade na qualidade de água, propagação de doenças de veiculação hídrica e assoreamento em diversos pontos dos rios atingidos pelo desastre.

Projetos Entre os projetos desenvolvidos com participação da UFMG que poderiam contribuir para avaliar e minimizar efeitos dos rejeitos de minério na natureza está uma sonda automatizada, capaz de realizar o monitoramento de alta frequência. Batizada de Hydro Nodee, ela permite medir as reais condições da água da bacia, transmitindo dados por telemetria. A sonda foi projetada e construída pelas equipes dos laboratórios de Gestão de Reservatórios e de Ciência da Computação da UFMG, em parceria com pesquisadores das universidades federais de Viçosa (UFV) e de Juiz de Fora (UFJF).

Além da sonda, o Instituto de Ciências Biológicas da UFMG tem prontos outros quatro projetos de pesquisa que podem ser relacionados ao Rio Doce. Um deles é o estudo que se propõe a analisar as perdas da biodiversidade e diminuição de recursos pesqueiros. O autor, o pesquisador Rangel Eduardo Santos, doutorando em ecologia, explica que, devido ao derramamento de rejeitos de minério, será formada no Rio Doce uma “barreira físico-química, provocando o isolamento das populações de peixes”. “O objetivo é fazer coletas da ictiofauna para fazer análises biológicas e comparativos dos pontos situados na cabeceira e na foz do rio”, afirma Rangel.

Já a avaliação do acúmulo de metais pesados nos peixes do Rio Doce é  tema de pesquisa de Fernanda Andrade, doutoranda em ecologia da UFMG. “O projeto vai mostrar a toxicidade que os rejeitos de minério provocaram nos peixes”, diz Fernanda, que pretende instalar tanques-rede dentro do rio. Neles serão postas tilápias, que depois serão submetidas a análises para verificar a contaminação por metais pesados como chumbo, zinco, e manganês. A toxicidade dos peixes também será objeto de estudo do pesquisador Alberto Isla.

Uma outra pesquisa do ICB/UFMG, de autoria do professor Rogério Fonseca, visa a implantação de unidades de conservação nas próprias áreas impactadas pelo vazamento da lama de rejeitos da mineração. “A ideia é usar mecanismos da legislação brasileira para implementar as unidades de conservação nas áreas degradadas e desenvolver ações para a recuperação dessas áreas”, diz Fonseca.


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