Jornal Estado de Minas

Arcebispo dom Geraldo Lyrio Rocha celebra missa pelas vítimas de tragédia em Mariana


Centenas de pessoas estão presentes na Praça da Sé, em Mariana, para acompanhar a missa, presidida pelo arcebispo da cidade, dom Geraldo Lyrio Rocha, em intenção das almas das vítimas da tragédia com o rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, no Distrito de Bento Rodrigues. Uma semana após o desastre, já foram resgatados os corpos de oito vítimas - seis já foram identificados e dois ainda aguardam reconhecimento.

Dom Geraldo lamentou a tragédia, as mortes e disse que nem a dor de ver casas, animais, objetos, o lugar onde sempre moraram, uma vida inteira indo embora em apenas um instante, pode afastar as pessoas do amor de cristo. "Nem a morte dos entes queridos", ressaltou. "A tristeza nos acompanha nesse momento mas ela não pode ser uma perda da esperança", afirmou.

Maria do Carmo Sena da Silva, de 40 anos, foi a missa para agradecer a Deus por ela, o marido e os seis filhos terem se salvado do mar de lama que levou sua casa com tudo dentro em Paracatu. A filha Lucineia Cristina, de 11 anos, a acompanhava.

"Os vizinhos gritaram e conseguimos sair correndo da lama. Tudo que a gente tinha foi destruído, mas estamos vivos e isso para mim é um milagre. Vim para agradecer a Deus e pedir conforto para os parentes daqueles que morreram e que estão desaparecidos", disse Maria do Carmo. Um altar coberto foi montado do outro lado da praça diante da igreja.

Após a celebração, dom Geraldo se mostrou muito emocionado e pediu que as famílias continuem conservando a fé, "sem cair no desespero, nem partir para a revolta".
Segundo o arcebispo de Mariana, é preciso verificar com precisão as responsabilidades pela tragédia. "Aguardamos que se faça a devida apuração, porque não existe efeito sem causa. Responsável sempre tem que haver. Em toda atividade humana, seja ela qual for, em qualquer ordem, alguém é responsável", comentou.

Quanto às negociações para serem indenizados, dom Geraldo pediu haja união entre as famílias atingidas. "É preciso, que elas sejam feitas de modo coletivo. E que as decisões a serem tomadas sempre sejam debatidas, partilhadas com os diretamente interessados, que são os atingidos. Para isso é preciso que els estejam integrados, articulados e que se procure chegar a acordos coletivos" aconselhou.

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