Jornal Estado de Minas

Imagem de Santa Rita fica intacta após destruição causada pela lama em Paracatu de Baixo

Lama que invadiu Paracatu de Baixo deixou marca alta nos imóveis - Foto: Sidney Lopes/DA PressOs telhados estirados à lama que reveste Paracatu de Baixo, o segundo distrito de Mariana mais devastado pelo rompimento das barragens de Fundão (rejeitos) e Santarem (água), da Samarco, dão a impressão de uma cidade fantasma. Ao contrário de Bento Rodrigues, onde Defesa Civil e bombeiros ajudam moradores, em Paracatu são os próprios desabrigados que constroem pontes de pausa sobre o barro que fez de suas casas uma planície de ruínas soterradas e que se ajudam para resgatar móveis, eletrodomésticos, documentos, retratos e lembranças familiares.

Essa união é simbolizada pela fé desse povo, que em cada casa exibe altares para santos. Mas é na casa do irmão do lavrador Raimundo Gonçalves, de 48 anos, que uma imagem inspira e renova o ânimo para revolver a lama. A casa quase foi abaixo, o telhado está dependurado, as paredes trincadas e a lama chega à altura do queixo. Mas, um centímetro acima da linha de lama, numa parede cortada pelas rachaduras, resiste intacta uma gravura de Santa Rita. "É impressionante como só sobrou o quadro. É uma mensagem de Deus de que nossa fé não foi destruída pela lama", diz Raimundo, quase numa prece, ao lado dos vizinhos que observam a santa.
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