A lama e os detritos liberados pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco, na cidade mineira de Mariana, contaminaram o Rio Doce e comprometeram a captação de água para a produção da fabricante de celulose Cenibra, cuja fábrica fica na cidade de Belo Oriente (cerca de 250 km de Belo Horizonte). A empresa informou na terça-feira que suspendeu sua produção desde o último sábado e que procura alternativas para solucionar o problema.
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O desastre do rompimento da barragem da mineradora Samarco, que tem a brasileira Vale e a anglo-australiana BHP Billiton como sócias, deixou pelo menos seis mortos. Mais de 20 pessoas ainda estão desaparecidas. Com a contaminação do Rio Doce, a distribuição de água potável de diversos municípios de Minas Gerais foi afetada.
EFEITOS A paralisação não programada da Cenibra, mesmo que seja curta, pode recompor preços da celulose no mercado internacional e aumentar a procura por papéis de Suzano e Fibria. Segundo o BTG Pactual, a fábrica da Cenibra representa 4% do mercado global de celulose fibra curta - no qual o Brasil é líder absoluto. Para fontes do setor, caso chuvas fortes atinjam a região nos próximos dias, o problema da contaminação do rio pode ser amenizado e a parada da Cenibra deve ser abreviada.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, estão previstas paralisações de manutenção em outras fábricas de celulose no País até o fim do ano, o que poderá ajudar a equilibrar os preços para o mercado chinês, que vinha reduzindo a demanda pelo produto. "Agora, pode até haver um aumento no início de dezembro", diz uma fonte do setor.
Em seu comunicado a clientes, o BTG também mencionou comentários de uma possível redução de preços na Ásia, mas frisou que, em sua opinião, a oferta de celulose no mercado continua apertada. Por isso, recomenda a compra de Fibria e da Suzano.
Os analistas do banco projetam que o preço da celulose de fibra curta chegará a US$ 750 por tonelada na Europa em 2016.
FIBRIA Outra unidade produtora de celulose no Espírito Santo, que pertence à Fibria, corre risco de ser afetada pelo rompimento da barragem. A unidade que produz 2,3 milhões de toneladas do produto ao ano, quase o dobro da capacidade da Cenibra.
A empresa informou que está acompanhando a situação, ressalvando que tem um reservatório que permite o abastecimento da unidade por cem dias - que, por enquanto, ainda não precisou ser utilizado.
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