Jornal Estado de Minas

Adesivos com jogo da amarelinha espalhados por ruas de BH animam até adultos


Nesta primavera, todo mundo dá seus “pulinhos” ao passar na Rua Paraíba, entre a Avenida do Contorno e Rua Antônio de Albuquerque, na Savassi, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. É que “crianças” de todas as idades encontram, no passeio, o velho jogo da amarelinha, aquela brincadeira da infância que era riscada no cimento com giz ou pedaços de carvão. Desta vez, com todo clima de intervenção urbana, os pedestres se deparam com as casas em cores vivas, num convite irresistível a deixar de lado a correria do dia a dia e voltar, por minutos, aos tempos da meninice.


As estudantes Natália Pereira, de 16 anos, e Maria Luíza Lopes, de 17, residentes em Venda Nova, desciam tranquilamente a Rua Paraiba, em direção à Praça Diogo de Vasconcelos, quando viram a brincadeira colorida no chão. Sem perda de tempo, Natália resolveu testar. “Acho que ainda me lembro de como se pulava. Estou meio destreinada, mas vamos ver”, contou Natália, enquanto a amiga tirava o telefone celular da bolsa para registrar a cena. Com habilidade, ela se equilibrou com um pé só nas casas iniciais e depois com as duas até chegar ao fim.


Trazendo na panturrilha uma flor tatuada minutos antes num estúdio da região, Maria Luíza se contentava em fotografar e filmar. “Não conheço a brincadeira, na verdade, posso te dizer que não tive infância.

Brinquei sozinha, fui mais sozinha. Achei a iniciativa interessante demais. Nesses tempos em que as pessoas ficam ligadas no celular, e até as crianças se apegam à tecnologia, acho legal essas brincadeiras”, disse Maria Luíza. Natália conferiu o resultado na tela e gostou do que viu. “Já faz tempo que não pulava amarelinha”, sorriu.


A iniciativa é do movimento #brinquemaisbh, que deixou no local um recado: “Gostou? Se una ao movimento e poste uma foto na nossa página no Facebook ou no Instagram”. De acordo com informações da Administração Regional Centro-Sul/Prefeitura de Belo Horizonet, será feita fiscalização, hoje, no local, para verificar o tipo de intervenção do movimento . Os técnicos adiantam que, se for do tipo adesivo, é menos problemático do que uma pintura.

Pelo que se pode conferir no local, trata-se de uma colagem, já meio gasta pelo pisoteio constante.

ALEGRIA A gerente de uma loja de produtos femininos diz que adorou a ideia do jogo da amarelinha, também chamada de maré, bem na sua porta. “Achei simplesmente espetacular. Combinou bem com o espírito da nossa loja, que é meio retrô, meio alternativo”, afirmou Tatiana Carvalho. Tímida, ela não quis se aventurar a dar os pulinhos, mas a funcionária Ana Lúcia Ávila prontamente se dispôs a entrar na brincadeira, mesmo de vestido longo.


“Brinquei muito de amarelinha, mas, atualmente, é muito difícil encontrar alguma menina na rua ou nas escolas riscando o chão com giz. Trata-se de um resgaste da nossa infância. É bom ter esse jogo na rua, para mostrarmos aos nossos filhos como brincávamos”, observou Ana Lúcia, de 39, moradora do Bairro Estrela Dalva, na Região Oeste. Aprovada no teste, e com semblante alegre, a vendedora retornou a suas tarefas com fôlego.


Uma das integrantes do grupo responsável pela intervenção urbana, a professora de educação infantil Fernanda Rossi Brandão informa que o jogo da amarelinha na Rua Paraíba – colagem com papel jornal e grude para firmar no chão – está presente em outros locais da região, sendo um na Rua Grão Mogol, no vizinho Bairro Sion, e outro na Savassi. A atividade surgiu como tarefa de uma gincana, da qual participaram professores da Escola Centro Lúdico de Interação e Cultura (Clic!) com o objetivo de despertar o espírito lúdico nas pessoas e resgatar os valores da infância.

.