Jornal Estado de Minas

Depois do temporal, empresários calculam prejuízos na Avenida Vilarinho

Funcionários de clínica oftamológica fazem a limpeza na manhã desta quarta-feira - Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A.Press
Funcionários e donos de empresas e lojas ao longo da Avenida Vilarinho, na Região de Venda Nova, fazem os cálculos dos prejuízos provocados pelo temporal de terça-feira. A água invadiu os estabelecimentos e, além de deixar um rastro de sujeira, danificou equipamentos eletrônicos e móveis. Em uma autoescola, carros foram arrastados. Uma clínica oftamológica vai ficar fechada para a limpeza e mais de 100 pacientes vão perder consulta.

A enxurrada que se formou na avenida e arrastou mais de 60 veículos, além de deixar pessoas ilhadas, assustou até mesmo quem já está acostumado com alagamentos na região. Alexandre da Silva Almeida, 35 anos, é dono da Autoescola Raio de Luz, localizada no número 66 há 14 anos. Ele diz que durante o temporal muitas pessoas ficaram amendrontadas. "No desespero, vi gente subindo em árvore.
Foi a pior enchente que vi aqui, apesar que todo ano termos problemas menores", comentou.

A água entrou no estabelecimento de Alexandre e atingiu a marca de 50 centímetros, o que danificou equipamentos. "Quatro carros, sendo dois da autoescola, um meu e outro de um funcionário, foram danificados pela chuva. Tivemos que correr atrás de um deles, no meio da enchente, para segurar. Depois que a água abaixou, conseguimos trazer de volta. Um computador estragou, assim como uma impressora. Hoje, não estou conseguindo entrar no sistema do Detran (Departamento de Trânsito de Minas Gerais)", conta o empresário.




O dono da autoescola comenta que o temporal pegou várias pessoas de surpresa. "O que chamou a atenção é que não senti uma chuva pesada exatamente aqui. Tanto é que ninguém se preocupou em retirar os carros da via, porque não era um temporal forte. Acho que choveu na região de Neves e outros bairros. A Vilarinho começou a encher de uma vez e não deu tempo de retirar os carros", disse.

Em outro ponto da avenida, os prejuízos são visíveis. Funcionários da Clínica Oftamológica Rui Marinho, localizada no número 901, chegaram para trabalhar nesta manhã e se depararam com a lama e a água até mesmo dentro dos consultórios. O local ficará fechado para a limpeza até quinta-feira.
De acordo com a gerente administrativo Poliana Monteiro, de 30 anos, quatro agendas foram fechadas, o que totaliza o cancelamento do atendimento de 130 pacientes.

Uma equipe foi montada pela Prefeitura de Belo Horizonte para fazer um levantamento dos danos na Região de Venda Nova por causa da chuva. "Estamos fazendo uma abordagem de casa em casa e de comércio a comércio para avaliarmos os danos. São mais de 120 pessoas envolvidas de vários órgãos", explica o Leonardo Barros, secretário adjunto da Regional Venda Nova.

Sobre a inundação, Barros afirmou que ainda será feito um levantamento para detectar se houve algum problema de escoamento. Porém, ressaltou que o grande volume de chuva pode ter causado os problemas. "Neste momento, estamos na reparação de danos e fazendo limpeza das vias e bocas de lobo para depois fazer uma análise aprofundada. Temos que ressaltar que de ontem até hoje choveu 80 milímetros. Somente em um período de duas horas, foram 50 milímetros, uma média muito superior à média histórica", disse.

Danos no pavimento

A força da enxurrada na Avenida Vilarinho, além de arrastar carros, danificou o pavimento da via e de ruas próximas.
Entre as Ruas Efigênia de Castro Belfort e Edgar Torres, placas grandes de asfalto se soltaram e deixaram buracos na pista. Cones foram colocados nos locais para evitar acidentes.




Limpeza

Desde as 7h, funcionários da Secretaria de Administração da Regional fazem a limpeza da via. De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte, mais de 100 homens trabalham nas avenidas Vilarinho e Álvaro Camargos. Eles também farão uma vistoria para avaliar os danos provocados pela chuva. O trânsito é lento na região por causa da operação.

Durante a noite, três reboques da BHTrans trabalharam na remoção dos veículos arrastados pela água. Apenas um carro que foi levado pela enxurrada continuava na via nesta manhã. De acordo com a Defesa Civil Municipal, o volume de chuva registrado na capital em 40 minutos foi de 57 milímetros, o equivalente a 46% do esperado para todo o mês de outubro. Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, técnicos já haviam realizado a vistoria e limpeza das bocas de lobo da região, mas por causa do grande volume de chuva, o escoamento não foi suficiente para evitar o alagamento. As equipes vão vistoriar os locais novamente e farão a limpeza e recuperação das áreas danificadas.

O temporal mobilizou equipes da Guarda Municipal, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar, que passaram a noite de terça-feira tentando atender as ocorrências.
Os prejuízos e sustos não foram apenas na Avenida Vilarinho. No Bairro Anchieta, na Região Centro-Sul, pessoas ficaram ilhadas e foram resgatadas pelos bombeiros. Na mesma região, uma quadra poliesportiva ficou alagada.

Em Ribeirão das Neves, na Grande BH, um galpão de embalagens foi danificado pela tempestade. Ninguém ficou ferido. De acordo com o Corpo de Bombeiros, desde as 17h de terça-feira foram atendidos 12 chamados de quedas, corte e vistoria de árvores, resgate de oito pessoas ilhadas e cinco inundações..