Foi graças a essa fórmula e sob a coordenação do professor Paulo Iscold, do Departamento de Engenharia Mecânica, que os estudantes conceberam, projetaram e executaram o Anequim, cujas formas remetem à silhueta de um tubarão. Em uma das modalidades, o aparelho atingiu a velocidade de 521,08km/h, batendo o recorde anterior que era 466,83km/h (veja quadro).
Do projeto do Anequim participaram 30 estudantes, em diferentes fases: da graduação ao mestrado. “A maior parte é de alunos voluntários e é muito gostoso que seja assim. A pessoa vem, porque está apta a receber”, afirma Paulo Iscold.
José Mauro Moraes Júnior, de 25 anos, é um dos estudantes voluntários que participam do CEA. “Foi um certo alívio (o recorde), misturado com alegria e orgulho. Há muita gente envolvida no projeto e a conquista deu a dimensão de um feito brasileiro”, destaca o estudante de engenharia mecânica, que estava presente no dia em que os recordes foram conquistados, na base aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, de 21 a 23 de agosto.
O desenho e as análises estrutural, aerodinâmica e de vibração foram projetadas em computador. “A vantagem do uso de computador pode ser vista tanto no desenho quanto na fabricação. As formas que o avião tem dependem menos da capacidade de produção manual dos alunos”, explica Iscold. No processo de fabricação, a máquina que corta os moldes também é computadorizada, o que é dá mais precisão e permite formas mais complexas.
Outro diferencial da aeronave é a qualidade construtiva.
O Anequim começou a ser projetado em março de 2011. A construção teve início de novembro daquele ano e o primeiro voo foi realizado em novembro de 2014. O motor e a hélice foram produzidos por duas empresas dos Estados Unidos, que atuaram como parceiras da UFMG, desenvolvendo as peças a partir das diretrizes criadas pela equipe do professor Iscold. O voo oficial para a averiguação da velocidade foi acompanhado pela Federação Aeronáutica Internacional na base aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro.
ENTRE OS MELHORES O projeto vitorioso é 100% financiado pela iniciativa privada.
Outra vantagem é desenvolver tecnologia de ponta, que será incorporada à indústria nacional. O professor – cuja equipe agora trabalha no projeto do K-55, em parceria com o projetista José Kovacs – pontua que o conhecimento aplicado para melhorar o desempenho chegará a produção dos aviões brasileiros. Formado na UFMG, Iscold elaborou o projeto do CEA-308 que também quebrou recordes de velocidade na época. “Em 1999, o caminho era mais penoso”, lembrou. O sonho do professor é que o Anequim possa participar de exposições pelo Brasil, mas, para isso, precisa conseguir patrocínio. “É um sonho, mas vamos trabalhar para realizá-lo”, disse..