Eles têm um papel importante na garantia dos direitos da população e ajudando a levar a Justiça às vítimas da criminalidade. No entanto, seu papel neste processo ainda é cercado de desconhecimento pelos cidadãos comuns. São os delegados de polícia.
Enquanto a Polícia Militar atua no policiamento ostensivo, prevenindo os crimes, a Polícia Civil, por meio dos delegados e investigadores, é responsável por apurar e esclarecer esses casos. O resultado da investigação é o inquérito, encaminhado ao Ministério Público que, por meio do documento, decide se oferece ou não a denúncia contra o suspeito à Justiça.
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Delegados alertam para o papel do cidadão na coibição da violênciaDelegados de diferentes gerações falam sobre as curiosidades da profissão; veja vídeo“É muito importante. Na sua mão está o destino de uma pessoa que te é trazida por cometimento de crime ou contravenção penal. Você é quem vai decidir ali o que vai fazer perante essa atitude”, explica Samuel Barreto de Souza, delegado-chefe do 9º Departamento de Polícia Civil de Uberlândia, no Triângulo Mineiro.
É o delegado quem decide se a pessoa levada em flagrante ficará presa. Mas, há outros aspectos.
Segurança pública e estrutura
Os delegados lidam diariamente com casos de violência. Para Ana Glaura, o maior problema atualmente vem do tráfico de drogas. “O uso desencadeia outras atividades criminosas, furto, roubo, sequestro, tudo para satisfazer a dependência.
Samuel Barreto de Souza também concorda que as leis brasileiras podem ser melhoradas. “As leis, eu como cidadão entendo que deviam ser mais voltadas para a sociedade de bem. Às vezes há brechas.
Para atuar na aplicação das leis, a polícia judiciária enfrenta vários obstáculos, entre eles a falta de estrutura em algumas delegacias. A delegada Regional de Vespasiano comenta o desafio. “Primeiro é o reconhecimento por parte de toda uma sociedade de um trabalho árduo que a gente desenvolve, das poucas condições materiais e de pessoal também”, afirma. “Para a investigação, tem que ter uma equipe completa para desenvolver, há os turnos de plantões, expedientes, o desdobramento é muito amplo”.
CARREIRA Nascido em Visconde do Rio Branco, Barreto começou a carreira policial em 1986 em Belo Horizonte, e é delegado desde 1994.
Ana Glaura é delegada há 25 anos. Paulistana, filha de um casal de policiais, ingressou na carreira para ajudar na família. “Eu já era divorciada e tinha três filhos. Precisava me formar e ter condições”. Ela chegou a Minas sem conhecer o estado e a primeira delegacia pela qual foi responsável é a de Pouso Alegre, no Sul de Minas.
Ela reflete sobre a carreira. “Tem que ter aptidão para estar nessa profissão. A gente se doa muito, às vezes você começa um flagrante agora, a família também sente a sua ausência”, comenta. “Acredito em uma política melhor, que faça um planejamento para repor essa carência de material, de pessoal, de instalações para as nossas delegacias”. O balanço é positivo. “Me identifico profundamente com minha profissão. Uma das coisas que mais adoro ser é policial civil, estou extremamente realizada”.
Campanha
Para esclarecer a população sobre a função do delegado, e valorizar os profissionais, o Sindicato dos Delegados de Polícia de Minas Gerais (Sindepominas) criou uma campanha em todo o estado. “Há muita desinformação, principalmente nos momentos de mais tensão, de mais sofrimento na família.