Jornal Estado de Minas

Hotel invadido por manifestantes perde hóspedes e contabiliza prejuízos


Dia de contar prejuízos e hóspedes que se foram no Hotel Sol Belo Horizonte, que durante o conflito desencadeado por protesto contra o aumento de passagens se transformou em refúgio para os manifestantes e, depois, em quartel para policiais. O estouro de ativistas por de trás de nuvens de gás e clarões de bombas amedrontou tanto os clientes do estabelecimento que metade deles pediu para fechar as contas nessa quinta-feira, um dia depois do episódio em que cerca de 60 pessoas buscaram abrigo no imóvel da Rua da Bahia, no Centro de BH.

A repressão aos protestos contra o reajuste tarifário encurralou participantes do movimento dentro do hotel, provocando quebradeira, desordem e prejuízos ao estabelecimento, ao mesmo tempo em que levou medo aos funcionários que trabalhavam no início da noite de quarta-feira. “Pensei que ia me machucar. Só pensava em não cair e em não deixar ninguém caído, porque o pânico foi tanto que o risco de ser pisoteado foi muito grande”, disse a gestora financeira do estabelecimento, Patrícia Antunes.

A invasão de manifestantes buscando refúgio ocorreu em duas levas. A primeira desceu pela rampa da garagem do edifício e arrombou um portão eletrônico que estava trancado. A segunda avançou pelas portas frontais, onde um cordão de funcionários tentou em vão impedir o acesso, mas não resistiu ao desespero dos homens e mulheres que corriam da polícia. Todas essas ações foram registradas pelo circuito interno do hotel. “A polícia chegou logo em seguida e não pediu licença para entrar.
Com as armas na mão, mandaram que todos se deitassem e depois que só se levantasse quem fosse funcionário”, lembra Patrícia.

Em seguida, segundo relato de funcionários, os militares do Batalhão de Choque pediram para que funcionários os acompanhassem em uma varredura pela parte interna do estabelecimento. “Vários manifestantes tentaram se esconder. Subiram para os salões, para as escadas e até no banheiro se esconderam”, afirma o gerente comercial, Alexandre Ribeiro.

Nessa quinta-feira, os rastros da ação que acabou com 60 detidos ainda podiam ser vistos. Nos dois salões de reuniões, toalhas de mesa ficaram espalhadas, cadeiras e mesas, tombadas e portas, escancaradas. O portão da garagem foi quebrado depois de ser forçado por manifestantes. O bancário Joviano Duque Pinheiro, de 51 anos, natural de Centralina, no Triângulo Mineiro, e que está morando no hotel, conta que do edifício do banco onde trabalha conseguiu ver a manifestação. “Preferi esperar que a coisa esfriasse para retornar.
A gente fica preocupado quando vê uma confusão dessas, com polícia atirando bombas. Mas acho que a PM agiu certo: apesar de concordar com a causa dos manifestantes, esse negócio de fechar ruas não pode ser assim, não”, disse o hóspede.

De acordo com o gerente comercial do hotel, a ocupação no momento em que os manifestantes entraram era de 80%. “Nosso perfil é de executivos de outras cidades e estados que vêm durante a semana se hospedar para trabalho ou eventos. Certamente essa confusão vai trazer prejuízos com os clientes”, lamenta. (Colaborou Landercy Hemerson)

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