Jornal Estado de Minas

Cresce o número de pessoas que praticam atividades físicas no horário da noite em BH


Para muitos, a atividade natural noturna é a balada em casas de shows ou o encontro com amigos em bares e restaurantes, além de outras atrações que Belo Horizonte oferece. Mas há quem fuja desse lugar-comum e aproveite a noite para se exercitar nas praças da Região Centro-Sul da capital, de uma maneira saudável e divertida. A animação fica por conta de caminhar, correr, pedalar e malhar, com trilha sonora diversificada nos fones de ouvido. O horário escolhido é a partir das 20h e pode seguir pela madrugada, mesmo se o vento frio do inverno insistir em soprar forte. E ainda que o destino não esteja na lista dos mais badalados da noite belo-horizontina, não se dispensa o cuidado com a produção na escolha de tênis, roupas e adereços, especialmente para as mulheres.


De calça justa azul cintilante e blusa de manga comprida branca, sobre uma bicicleta, a empresária Dayse Andrade, de 39 anos, contrasta com seus vizinhos de um dos prédios no entorno da Lagoa Seca, no Belvedere. Nas janelas dos apartamentos percebem-se as luzes de dezenas de aparelhos de televisão que prendem as pessoas diante de suas telas à espera do sono. Já Dayse pedala forte em voltas seguidas no entorno da lagoa, quando não segue caminhando.

“Há três anos escolhi o horário noturno para fazer exercícios, pois o movimento dos carros é menor. Durante a semana costumo intercalar entre pedalar e caminhar, mas diariamente estou aqui”.
O ritmo da empresária contagiou uma amiga, a economista Ana Júlia Damasceno, de 33, que mora em Contagem, na Grande BH. “Saio do trabalho, venho para cá de carro, estaciono e vou caminhar com a Dayse. Agora que ela me emprestou uma bicicleta, aderi também às pedaladas”.

O entorno da lagoa tem 880 metros de calçada e pista de asfalto. Foi construído para receber água de chuva e evitar inundações. Para Dayse, um dos atrativos é o clima de segurança no contorno da lagoa. “Comecei a caminhar próximo de casa, mais cedo, pensando na forma física. Agora, na bike, circulo por outros pontos do bairro e, além da questão da saúde, é divertido.
Sinto-me mais livre com o vento no rosto, meio que a mocinha do Titanic”, brincou a empresária.

Para as amigas Theara Castro e Ticiana Lima, ambas de 25, a caminhada noturna é uma ótima oportunidade para colocar o papo em dia. Elas trabalham juntas, como médicas na Força Aérea Brasileira (FAB), e têm uma rotina agitada no serviço. Ticiana mora no Belvedere e aproveita também para levar sua cadelinha para caminhar. “O horário noturno é uma boa opção, já que durante o dia não há muito tempo”, explica. Theara conta que mora no Coração Eucarístico, mas pelo menos duas vezes por semana caminha com a amiga na Lagoa Seca. “É um encontro marcado, entre 20h e 21h, que faz bem fisicamente e também é relaxante mentalmente”, destacou.


O engenheiro Reinaldo Freitas, de 57, mora há 30 anos no Belvedere e diz que incorporou em sua rotina a caminhada noturna. Ele conta que se sente seguro, principalmente na Lagoa Seca, e costuma esticar a atividade física até as 23h. “No entorno os porteiros dos prédios ficam atentos e se comunicam por rádio.

Por isso é seguro caminhar aqui à noite, que é bem mais tranquilo que pela manhã”, assinalou.


O comerciante Felipe Valadares, de 24, é mais uma das muitas pessoas que saem de carro à noite em direção à Lagoa Seca para e exercitar e tem motivo duplo para isso. “Moro na Vila da Serra e à noite tenho compromisso diário de levar minha cadela, da raça golden, para minimizar o estresse de ficar trancada no apartamento. É um momento gostoso e necessário para eu também relaxar.”

PRAÇA DA LIBERDADE A atividade física depois das 20h também já tomou conta da Praça da Liberdade. O empresário José Barbosa Sales, de 68, é morador do Bairro Funcionários e há seis anos, depois das 22h, de segunda a sexta, estaciona seu carro na praça e inicia a caminhada que, algumas vezes, quase entra pela madrugada. “Prefiro vir à noite que acordar bem cedo e ficar preso ao relógio, pois tenho o horário de trabalhar. Aqui é mais do que o exercício físico. Há aquelas pessoas que vemos todos os dias, mas tem sempre situações diferentes. Quando vou para casa estou relaxado, sem espaço para insônia”, relata Barbosa.


De férias, o estudante Lucas Novaes, de 18, resolveu fazer uma corrida de quatro quilômetros na praça, depois das 22h. “Gostei tanto que convidei dois ex-colegas de escola”. Vinícius Arabe, de 18, aprovou a ideia.

“Moro aqui na área central e já vim caminhando de casa. Com esse frio de inverno, é ainda melhor”. Mateus Camargo, que mora mais distante, também aderiu à novidade. “É uma forma saudável de não perdermos o contato”.

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