Nem em sonho o jovem atleticano Melchior Júnior Felipe Teixeira, de 19 anos, portador de miopatia nemalínica, doença rara que desencadeia atrofia muscular (principalmente nos braços e pernas), imaginaria que apenas um dia depois de sua história ser publicada no Estado de Minas – e uma semana depois de sua família lançar uma campanha de arrecadação de fundos para a aquisição de uma cadeira de rodas, orçada em R$ 14,5 mil –, veria seus desejos realizados pelo clube do seu coração. Depois de ler a reportagem sobre a luta da família de Melchior, que usa um tubo respirador na traqueia para se manter vivo, o Clube Atlético Mineiro decidiu doar a cadeira ao torcedor alvinegro.
Segundo a diretora-executiva do Atlético, Adriana Branco, ao ler a matéria, o presidente do Galo, Daniel Nepomuceno, ficou tocado com a história do jovem, que permaneceu internado por 14 anos na ala infantil do Hospital Regional de Betim, na Grande BH. “O presidente de sensibilizou. Sabemos que milhares de atleticanos passam por dificuldades, já fizemos isso outras vezes. Para o Melchior, ganhar essa cadeira será uma grande alegria”, acredita. De acordo com ela, amanhã o clube fará contato com a família para acertar detalhes sobre o equipamento a ser adquirido.
Com a cadeira de rodas motorizada, Melchior, que cursa a 9ª série na Escola Municipal Gilberto Alves da Silva, mas aprende em casa, poderá pela primeira vez frequentar as aulas no próprio colégio.
Campanha
Até a última sexta-feira, a campanha organizada pela irmã de Melchior, Chayen Dwlian Felipe Teixeira, de 17, chegou a arrecadar apenas R$ 300. “Vamos fazer uma festa no início de agosto. Será um arraial e estamos vendendo a rifa. Depois que a notícia saiu, muita gente ligou e curtiu a página no Facebook. No dia serão sorteados produtos como um babyliss, uma cesta de chocolates, uma batedeira e um liquidificador”, explicou Chayen. A mãe do jovem, Áuria Júnia Teixeira, de 36, tem curso de segurança e de cuidadora de idosos, mas atualmente trabalha de segunda a sexta-feira com limpeza hospitalar.
“Espero conseguir trabalho como cuidadora de idosos. Preciso ter mais tempo para cuidar do Melchior. Sempre que tenho de levá-lo ao médico é difícil e não dá para ficar faltando ao trabalho”, explica Áuria, que com o dinheiro das doações também pretende ajudar a família de Gabriel, portador de miopatia congênita e também dependente de ventilação mecânica respirar, amigo de Melchior.