Jornal Estado de Minas

Câmeras de segurança serão analisadas para determinar causas de queda de avião em BH

Investigador reconheceu que ainda não é possível afirmar o que poderia ter causado o acidente e que técnicos avaliarão imagens feitas por câmeras do hangar e da Infraero, além da caixa preta da aeronave

Rodrigo Melo Márcia Maria Cruz
Aeronave despencou pouco depois de decolar do Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, na Pampulha - Foto: Cássia Sodré/DivulgaçãoUm dia após a queda do avião bimotor King Air C90GTi, que caiu sobre duas casas no Bairro Minaslândia, Região Norte de Belo Horizonte, e matou três pessoas, ainda não é possível confirmar que o piloto da aeronave tenha realizado alguma manobra arriscada, ou que a queda seja resultado de falha humanaEmbora seja considerada uma linha de investigação, as causas do acidente só serão esclarecidas após análises da caixa preta e de câmeras de segurança que gravaram parte da trajetória do aviãoTrês ocupantes da aeronave morreram no acidente.

De acordo com o Capitão Leonardo Neves Carneiro, investigador do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa), órgão ligado ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa), "Não tem como falar que houve a polêmica decolagem americanaPrecisamos analisar as gravações de voz e os vídeos das câmeras de segurança do hangar e da Infraero." A caixa preta da aeronave foi enviada para análise em Brasília e não existe um prazo para o término do estudo técnico.

Pilotos ouvidos pelo Estado de Minas não descartam tampouco a possibilidade de falha humanaCom base no relato de testemunhas de que o avião teria subido em um ângulo reto, de forma incomum, e de conversas que tiveram com operadores da torre de controle, eles supõem que o comandante do King Air pode ter executado uma manobra chamada de “decolagem americana” ou de "máxima performance".

“Na decolagem americana, em vez de o piloto iniciar a subida gradual até a altitude de cruzeiro, ele segue em rasante até o fim da pista, para ganhar mais velocidade, e puxa o manche para realizar uma subida abruptaCom isso, o avião decola com quase o dobro da velocidade habitual e atinge a altitude de cruzeiro com cerca de 15 segundos, em vez de demorar cerca de três minutos gastos na outra maneira”, explica um comandante com 26 anos de aviação, que preferiu não se identificar.

O consultor aeronáutico Renato Cláudio Costa Pereira, ex-secretário da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), considera que as informações da torre de controle serão fundamentais para explicar as causas do acidente com o King AirSe houve uma decolagem de alta performance, Pereira diz que as investigações vão apontar se foi por falha humana ou de equipamento“Pode ter ocorrido uma falha de comandoNesse tipo de aeronave, os comandos são por meios de cabos”, disse o consultor, que não vê motivos para o piloto fazer uma manobra do tipo.

“O controlador de voo acompanha toda a decolagem; ele tem uma visão panorâmica de toda a pista e poderá esclarecer como foi a decolagemNão se pode falar em causas sem uma análise das variáveis, mesmo que tenha sido uma decolagem de alta performance”, explicou Pereira.“Qualquer afirmação agora é uma especulação.”

Técnicos da aeronáutica coletam dados no local da queda de avião para investigações - Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PressDINÂMICA

O acidente com o avião bimotor King Air, prefixo PR-ABG, terminou com a morte de três pessoas que estavam a bordo da aeronave que caiu pouco depois de decolar, às 15h20, do Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, na Pampulha, em Belo HorizonteEm uma dinâmica que intriga especialistas, a aeronave despencou sobre a casa de número 105 da Rua São Sebastião, no Bairro Minaslândia, Região Norte da capital, explodindo em seguida
Surpreendentemente, os dois moradores da residência escaparam ilesosEles estavam na horta do imóvel, cuidando de galinhas, quando tiveram a garagem destruída pelo avião em chamasUma mulher que estava nos fundos do imóvel vizinho, onde também funciona uma igreja evangélica, sofreu ferimentosDesde agosto de 2014, foi a sétima ocorrência de pouso forçado ou queda na Região Metropolitana de BH, a primeira com mortes.