Jornal Estado de Minas

Pampulha deve ficar livre do lançamento de 95% do esgoto em 120 dias, afirma a Copasa

Copasa afirma que, com fim do impasse em torno de desapropriações, obras para implantação de redes coletoras serão retomadas nos próximos dias

Luana Cruz Valquiria Lopes

Descarga de poluentes no espelho d'água que é a marca da região hoje é estimada em cerca de 100 litros por segundo. Interceptores vão permitir o tratamento de esgoto - Foto: Fotos: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press
Um dos pontos mais delicados no processo de candidatura da Pampulha ao título de patrimônio mundial, o tratamento da água da lagoa é um problema que se arrasta nas últimas décadas e que agora tem a promessa de avançar de forma inédita nos próximos quatro meses.

O trabalho de desassoreamento está em fase avançada, mas a despoluição havia esbarrado no tratamento do esgoto dos córregos Ressaca e Sarandi, que deságuam no espelho d'água. É de responsabilidade da Copasa, no processo de despoluição da lagoa, a implantação de 100 quilômetros de redes coletoras e interceptoras nos bairros situados ao longo da bacia da Pampulha, em Belo Horizonte e Contagem e a construção de nove estações elevatórias para viabilizar o encaminhamento do esgoto coletado à estação de tratamento de esgoto (ETE) Onça. Estima-se que a represa receba hoje cerca de 100 litros por segundo de esgoto.

De acordo com a Copasa, as obras para implantação dos quatro quilômetros restante das redes coletoras e interceptoras de esgoto serão retomadas nos próximos dias, uma vez que foram liberados os mandados de imissão de posse das áreas por onde as redes passam (Beco Ibaté, Parque São João, Vila da Lua Nova, Vila Boa Vista e Vila Pérola). “Após essas obras, previstas para terminar em 120 dias, 95% do esgoto gerados pelos imóveis na bacia contribuinte da Lagoa da Pampulha em Contagem e em Belo Horizonte serão coletados e tratados pela Copasa”, informou a empresa.

Para tratar os outros 5%, deverão ser identificados os lançamentos clandestinos de esgoto e, juntamente com as prefeituras, será feito um trabalho de conscientização com os moradores para interligar esses imóveis às redes coletoras oficiais, segundo a Copasa. A empresa informou que o tratamento das águas da Lagoa da Pampulha é de responsabilidade da Prefeitura de Belo Horizonte.

“O cuidado com o espelho d´água é uma condição importante e os afluentes também, porque eles entram na zona de amortecimento. Por esse motivo, fomos procurar a Copasa. Estamos a poucos meses da visita da Unesco e precisamos estar com as coisas encaminhadas”, relata o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Leônidas Oliveira.
Segundo ele, a prefeitura tem R$ 140 milhões em caixa para a limpeza da lagoa.

De acordo com o biólogo Rafael Resck, especialista em recursos hídricos, Belo Horizonte avançou em relação ao tratamento de esgoto, com a implantação das estações do Ribeirão Arrudas e do Córrego do Onça. Mas ele alerta para a situação da lagoa, que, afirma, recebe em torno de 100 litros de água poluída por segundo.

Quem vista a Pampulha, já percebe melhorias. “Percebo que, em relação aos anos anteriores, a condição da água melhorou bastante. Tem menos lixo e aguapés. Mas ainda é preciso fazer muita coisa para melhorar o aspecto e a cor do espelho d'água, além do mau cheiro, que ainda existe”, avalia a estudante Thalyta Gomes Viana, de 16 anos, que frequentemente vista a orla da Pampulha. (Com Landercy Hemerson)

 

Entorno da igrejinha vai ganhar cara nova

Vizinhança da Igreja de São Francisco passa por obras e tráfego será proibido diante do monumento - Foto: Fotos: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press
Nos próximos dias, os jardins da Igrejinha da Pampulha serão restaurados. A obra terá recursos municipais, porque a Fundação Municipal de Cultura (FMC) decidiu não esperar a verba do governo federal, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas. A obra para restauração completa do monumento, no valor de R$ 1,3 milhão, já foi aprovada, em publicação no Diário Oficial da União no início do mês, mas será necessário esperar pelo menos até outubro, após o processo de licitação, para as obras começarem.

A Praça Dino Barbieri, em frente à igrejinha, também está em obras. A previsão da prefeitura é de que, dentro de quatro meses, o espaço esteja completamente revitalizado. A área em frente à igreja será fechada para o trânsito e receberá calçamento de paralelepípedo, semelhante ao piso existente na década de 1940. “A ideia é que as pessoas possam caminhar livremente tirar fotos, apreciar a paisagem”, disse o presidente da FMC, Leônidas Oliveira. Com o fechamento, o tráfego de veículos será transferido para a pista em frente ao Parque Guanabara.

Campanha tem
marca da Pampulha


A Fundação Municapal de Cultura vai dar início a uma campanha de marketing para promover a marca Pampulha Patrimônio Mundial, com objetivo educativo. O visual criado ganhou um prêmio internacional de publicidade.

“É importante que as pessoas de BH acreditem na Pampulha. As coisas estão indo muito bem para alcançarmos o título. As pessoas precisam conhecer melhor a Pampulha, entender aquela arquitetura e acreditar que nós temos um dos maiores patrimônios do mundo”, afirma Leônidas Oliveira.

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