Intervenção com as cores do afeto, retocadas no tom exato da simpatia e permeadas pela gentileza urbana. De forma espontânea, um grupo de três professores e uma estudante de medicina deu cara nova ao muro do Mosteiro Santa Clara, na Rua Santa Rita Durão, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Na tarde dessa segunda-feira, usando tintas vermelha, verde, amarela e branca, eles transformaram a pichação que enfeiava o cimento chapiscado em ramos, flores e consideração pela cidade. Muita gente parou para admirar o “jardim” e não se cansou de aplaudir a iniciativa, na certeza de que ideias criativas são sempre bem-vindas e podem florescer em outros cantos de BH.
Tudo começou quando, na semana passada, a professora de educação física Paula Moura de Oliveira passou em frente ao mosteiro e viu uma freira visitante pintando um buquê de flores numa parte do muro, mais perto da entrada principal. “Ela estava até com um cavalete, muito concentrada no trabalho”, disse a professora. Impressionada e feliz com o trabalho, Paula falou com os amigos Maria Alzira Vilela, professora de artes, Gustavo Isaac Machado, professor de inglês, e Mariana Vilela, estudante de medicina, e juntos decidiram seguir o exemplo da religiosa, pedindo antes autorização à direção do mosteiro.
Com a permissão, mãos à obra...de arte. Gustavo nunca tinha trabalhado com arte mural, mas, seguindo as orientações de Maria Alzira, levou adiante a tarefa com orgulho. “Acho que está ficando bom”, comentou com um sorriso e brilho nos olhos azuis.
PIQUENIQUE Aproveitando a folga, o coletivo uniu o útil ao agradável e fez até piquenique na calçada da Rua Santa Rita Durão, convidando quem passava a chegar mais perto para ver ou tomar um copo de suco, chupar mexerica ou comer biscoito polvilho. “Estou achando sensacional, porque é uma proposta muito humana, com gentileza e carinho. Com essas cores, o muro fica lindo”, disse a analista administrativa Andrezza Miranda, moradora do Bairro Santa Amélia, na Região da Pampulha, e que pôde ver a cena de “camarote”, já que estava sentada no banco do ponto de ônibus bem em frente ao muro.
Indo para a aula de violino, a estudante Laura Monteiro, de 12, moradora do Bairro Nova Cintra, na Região Oeste, parou para dar uma olhada. E aplaudiu. “Ficou muito legal. É muito interessante o que estão fazendo, pois as pessoas picham e estragam o patrimônio da cidade”. A madre superiora do Mosteiro Santa Clara, irmã Fernanda, gostou da ideia e agradeceu: “Está bom”.
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