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Estado de Minas

Nossa História: Capela do Colégio Sagrado Coração de Jesus ganha reforma e será reaberta em breve


postado em 25/04/2015 06:00 / atualizado em 25/04/2015 10:38

Escola é considerada um marco da história educacional de Belo Horizonte(foto: Arquivo EM)
Escola é considerada um marco da história educacional de Belo Horizonte (foto: Arquivo EM)
Adriana Vilaça tinha 11 anos quando foi estudar no tradicional Colégio Sagrado Coração de Jesus, localizado na esquina da Rua Professor Moraes com Avenida Getúlio Vargas, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, e que é considerado marco da história educacional, social, religiosa e da arquitetura da cidade. A menina logo se encantou com o prédio de 1911, em estilo eclético, e durante muitos anos sonhou em se casar na capela construída no local, em 1929, pela Congregação das Irmãs Missionárias Servas do Espírito Santo, templo incorporado ao conjunto arquitetônico do educandário.


“Estudei no colégio, fiz a crisma e me casei na capela em 16 de dezembro de 1993, aos 29 anos”, conta, com orgulho, a ex-aluna, que completa 37 anos como funcionária da instituição, agora como diretora administrativa. No próximo 24 de maio, Adriana tem um outro motivo a comemorar. A capela, que marcou um dos momentos mais importantes da sua vida, e que é tombada desde 1992 pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município, vai ser reaberta depois de quatro anos fechada e passar por restauração.


A capela se diferencia das outras pelo tamanho. É muito maior do que muitas igrejas tradicionais de Minas. A pintura tem tonalidade leve e não difere dos tons pastéis originais. De acordo com Adriana, o templo católico foi construído sobre um aterro e sofreu abalos com a grande movimentação de veículos pesados, como ônibus, no seu entorno. “Foi fechado para segurança dos próprios alunos”, disse.


O templo católico sofreu abalos com a movimentação de veículos(foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)
O templo católico sofreu abalos com a movimentação de veículos (foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)

BOM TRABALHO
As vidraças foram trocadas e deram trabalho. “Não existe mais o vidro ártico na cor verde. A solução foi colocar um vidro liso verde sobreposto a um ártico incolor, que deu um efeito original”, conta a diretora. A restauração da fachada também exigiu estudos aprofundados para que chegassem aos materiais originais da época da construção. “Fizemos vários ensaios em laboratório para chegar ao mais próximo possível do original”, conta o engenheiro responsável pela obra, Jackson Tomaz Oliveira, cujo trabalho é supervisionado o tempo todo pelo Patrimônio Histórico Municipal. “Tudo passa por um projeto e tem ser aprovado, inclusive as cores”, disse Jackson, que escolheu as cores “tapete de juta, galho seco e ouro do Egito nos detalhes”.


O piso original, em marmorite, está sendo restaurado. O verde desgastado pelo tempo ganha mais vida, como há mais de 80 anos. As telhas foram lavadas e impermeabilizadas. Mas, a grande surpresa que os belo-horizontinos terão na inauguração da capela serão a iluminação externa e interna, que vai reforçar a suntuosidade dos seus primórdios. Na nave do templo, ela será automatizada, com lâmpadas de LED. O padre poderá controlar a luz por um Ipad, acompanhando o trajeto da noiva da entrada ao altar, por exemplo. Do lado externo, a iluminação será alimentada pela luz solar. O sistema de som também foi modernizado.


O baldaquino, espécie de dossel de madeira com colunas trabalhadas e com anjos esculpidos, que fica no altar, também passou por restauração. Os bancos para os fiéis, também madeira, passaram por tratamento contra cupins e envernizados. Um ateliê foi improvado na sacristia para restaurar peças sacras.  Junto à entrada da capela, um cômodo utilizado para guardar tapetes e presépios foi transformado em banheiro. Réplicas do ladrilho hidráulico do piso foram feitas para revestir as paredes. Uma porta lateral precisou ser substituída por uma réplica, devido à ação dos cupins, mas as ferragens antigas foram aproveitadas, inclusive o cadeado.

Centenário em 2011


O Colégio Sagrado Coração de Jesus nasceu praticamente junto da cidade e comemorou seu centenário em 2011. No início, chegou a funcionar em um sobrado que existia na esquina das ruas Pernambuco e Cláudio Manoel, até o novo prédio ser construído, em 15 de janeiro daquele ano. Adriana Vilaça conta que a congregação religiosa foi fundada pelo padre Arnaldo Janssen, também fundador do Colégio Arnaldo. “Antes, o Sagrado Coração era um internato e recebia as filhas dos fazendeiros do interior. O Colégio Arnaldo era para os rapazes”, comentou a diretora administrativa. Há uma lenda de que existe um túnel secreto ligando o Coração de Jesus ao Colégio Arnaldo. O túnel sairia de um porão que foi fechado na biblioteca, hoje sala dos professores.


Adriana conta que mesmo depois de tantos anos de funcionamento do colégio, ela ainda teve aulas de educação para o lar, corte e costura, bordado, canto e piano. “As moças eram preparadas para o casamento. Por aqui passaram filhos e filhas de ministros e de outros políticos importantes. A primeira mulher a ocupara o cargo da Procuradoria do Estado foi nossa aluna e professora: Eni Santiago Campos”, disse a diretora, lembrando o curso de magistério do educandário foi um dos mais tradicionais da capital. “As moças já saíam daqui empregadas”, disse. Hoje, o colégio é misto e oferece cursos do maternal ao ensino médio. A administração é compartilhada entre freiras e leigos. A diretora-geral é uma religiosa.


Até hoje, o colégio mantém a tradição de preparar seus alunos para a primeira eucaristia e crisma. Há aulas de ensino religioso, onde os alunos aprendem sobre todas as crenças. Há alunos filhos de pastores evangélicos e de famílias espíritas. “As crianças aprendem a respeitar todas as diferenças”, reforça a diretora.

 

LINHA DO TEMPO

1911- O Colégio Sagrado Coração de Jesus é fundado pelas Missionárias Servas do Espírito Santo, congregação religiosa fundada pelo beato Arnaldo Janssen, tendo como co-fundadoras as beatas Maria Helena e Madre Josefa.

1924 – A instituição de ensino é equiparada à Escola Norma Modelo de BH. Funcionava como internato para filhas de fazendeiros vindas do interior.

1929 – Inaugurada a Capela e são criados os cursos ginasial e científico.

1980 – Inaugurado o prédio da educação infantil.

1992 – Os prédios do colégio e a capela são tombados pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município.

2011- Colégio comemora 100 anos de história no cenário educacional de Belo Horizonte e condecorado pela Câmara Municipal com um certificado de honra ao mérito pelos serviços educacionais prestadores por um século à sociedade mineira.


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