Jornal Estado de Minas

Professora traz para BH projeto onde morador de rua pode escolher roupas doadas

Durante evento que será realizado no próximo sábado, no Centro, serão montados mostruários, como nas lojas, para que o morador de rua escolha o que desejar

Márcia Maria Cruz

Projeto realizado pela primeira vez na África do Sul chega a BH por iniciativa da professora Luciana Duarte - Foto: Bruno Lourenço/Divulgacao


O ditado popular “a cavalo dado não se olha os dentes” está sendo revisado por uma jovem professora universitária. À frente de um projeto que propõe um olhar sustentável para a moda, Luciana Duarte, de 28 anos, pretende mudar a lógica de doação de roupas e sapatos para moradores de rua. Em vez de eles receberem peças que as pessoas descartam, poderão escolher o que querem entre as doações. Ela trouxe para Belo Horizonte o projeto The Street Store, expressão em inglês que quer dizer “a loja da rua”.


O evento será próximo sábado, das 8h às 18h, na Avenida Afonso Pena, em frente ao Parque Municipal Américo Renné Giannetti, no Centro de Belo Horizonte. Para receber as doações até sábado, foram montados cinco postos de recebimento das doações, nos bairros Sion, Savassi, Santo Antônio e Cruzeiro, na Região Centro-sul, Rio Branco em Venda Nova, e no câmpus na UFMG, na Pampulha. “É muito trabalhoso, mas é muito possível. O sentimento que tenho é que dá para ajudarmos a reduzir a desigualdade social”, afirma a professora. Ela conta com a ajuda de 100 voluntários, entre os quais 40 são seus alunos de engenharia de produção na Faculdade Kennedy.


Realizado pela primeira vez na África do Sul, o projeto prevê a montagem na rua de mostruários, a exemplo dos que existem em estabelecimentos comerciais, para que o morador de rua possa escolher a peça que deseja.

A jovem ressalta que The Street Store BH surgiu despretensioso, como um projeto que o site Moda Ética, mas logo despertou a atenção de dezenas de pessoas. A ideia surgiu em outubro de 2014, depois de ela ter apresentado o site Moda Ética para Ezio Manzini, profissional muito conhecido na área do design sustentável, de sistemas e social.


As peças serão separadas por cor e colocadas em cabides em uma disposição que leva em conta o design. O mesmo será feito com os sapatos que serão organizados por numeração, conforme ocorre nas lojas comerciais. Embora o projeto receba o nome de loja de rua, as peças são todas de graça. Os moradores de rua foram avisados do evento por meio dos albergues – cerca de 10 na capital que recebe esporadicamente 957 homens e mulheres de idades variadas. “O resultado é positivo para todo mundo: para quem tem vontade de ajudar, mas não sabe como, e para os moradores de rua, que poderão escolher o que quiserem no tempo que desejarem.”


Ao propor o site Moda Ética, Luciana quis desenvolver um projeto de responsabilidade social. “O sistema de moda é injusto e desigual, pois incentiva o desnivelamento e a diferenciação entre as pessoas. É a essência da moda”, afirmou. O movimento moda ética surgiu em Paris, em 2004, com o propósito de pensar soluções sustentáveis e também maneiras de reduzir o consumismo. Mais informações sobre os locais de doação podem ser obtidas no endereço www.modaetica.com.br.

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