Oficialmente, nem a Prefeitura de Belo Horizonte, nem a Construtora Cowan, responsável pela obra, nem a Alzata Engenharia, contratada para a recuperação, se pronunciaram sobre detalhes da intervenção. O Estado de Minas apurou que o serviço começou na madrugada.
A partir das primeiras horas da manhã, os trabalhos se concentraram na parte superior do viaduto. Com a correção do problema na base, houve a necessidade de fazer ajustes nas juntas de dilatação. Munidos de marteletes e outras ferramentas, operários abriram um vão para fazer a recuperação do pavimento. A previsão é de que a colocação das estruturas de apoio se repita, a partir da madrugada de hoje, na outra extremidade.
Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, o problema de desnível de 2,5 centímetros no Viaduto Gil Nogueira foi percebido em novembro do ano passado, em vistoria encomendada para todos os elevados da Pedro I, depois do desabamento da alça sul do Viaduto Batalha dos Guararapes, que matou duas pessoas e feriu 23. Em reunião no dia 12 de fevereiro, o município pediu à Consol Engenheiros Consultores, responsável pelo projeto do Gil Nogueira, que detalhasse as intervenções necessárias à solução da nova falha constatada. Depois, a administração municipal determinou à Cowan, responsável pela obra, que colocasse em prática a intervenção. Para isso, foi contratada a Alzata Engenharia, especializada em patologia e reabilitação de estruturas.
DESVIOS Segundo apurou o EM, a força dos 10 macacos usados para subir o viaduto permitiria as intervenções mesmo com tráfego livre, mas essa opção inviabilizaria os ajustes necessários sobre o elevado, nas juntas de dilatação. Por isso foi necessário interditar o Viaduto Gil Nogueira. Ontem, o desvio feito para garantir o acesso dos veículos em direção aos bairros registrou mais transtornos do que as medidas organizadas pela BHTrans para garantir o fluxo em direção ao Centro da capital. Houve momentos de retenção no cruzamento da Avenida Portugal com a Rua Irlanda, no Bairro Itapoã, que teve a mão de direção invertida. Nesse cruzamento, agentes da BHTrans permaneceram o tempo todo auxiliando pedestres que precisavam fazer a travessia.
Já do outro lado, no cruzamento da Portugal com a alça de acesso paralela à Rua das Canárias, não foram vistos guardas de trânsito e pedestres dependeram da boa vontade dos motoristas para atravessar. “Se todos nos deixassem atravessar, eu não reclamaria, mas só alguns fazem esse gesto”, disse a manicure Camilla Silvana Gonçalves, de 32 anos.
HISTÓRICO Antes do início da construção do Viaduto Gil Nogueira, outro elevado fazia a ligação entre os bairros Itapoã e Santa Amélia pela Avenida Portugal. Porém, segundo a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), pela necessidade de um novo traçado geométrico e de aumentar a altura livre sobre as pistas da Avenida Dom Pedro I, a estrutura foi totalmente demolida. As obras do novo elevado tiveram início em agosto de 2013, com liberação para o tráfego em maio de 2014.
Foi o terceiro elevado de responsabilidade das empresas Consol (projeto) e Cowan (obras) a apresentar falhas em Belo Horizonte. Em fevereiro de 2014, o Viaduto Montese registrou um deslocamento lateral de 27 centímetros em sua estrutura, o que motivou uma interdição ainda na fase de construção. Somente nove meses depois a transposição foi inaugurada. Em 3 de julho, a alça sul do Viaduto Batalha dos Guararapes desabou.
Confira o problema e o que está sendo feito para corrigir as falhas no vidatudo Gil Nogueira