Jornal Estado de Minas

Indecisão da PBH sobre construção de trincheira no lugar de viaduto na Pedro I atrasa acordo

Falta de definição retarda acerto entre MP e empresas que participaram do projeto do viaduto Batalha dos Guararapes, que desabou em julho do ano passado em BH

Márcia Maria Cruz
Avenida Pedro I, na altura do viaduto que desabou em 2014: MP aguarda desde ano passado planilha sobre custos da construção da trincheira - Foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press

A indefinição da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) sobre a construção de uma trincheira para substituir o Viaduto Batalha dos Guararapes, na Avenida Pedro I, em Venda Nova, atrasa acordo entre o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e as empresas – Consol e Cowan – que deverão ser responsabilizadas pela tragédia que ocorreu em 3 de julho do ano passado. A queda do viaduto, que deixou duas pessoas mortas e 23 feridas, passou a ser uma das linhas de investigação do inquérito civil, que, desde 2012, analisava possíveis irregularidades no BRT/Move na capital mineira. “A Sudecap (Superintendência de Desenvolvimento da Capital) reconsidera a decisão de construir a trincheira, mas ainda não fomos informados oficialmente”, afirmou o promotor de Defesa do Patrimônio Público, Eduardo Nepomuceno, responsável pela investigação. Segundo ele, a decisão, seja ela qual for, irá impactar no andamento do inquérito.

O promotor deverá propor ao final da ação civil responsabilidade compartilhada entre as duas empresas e a Sudecap. O cálculo do projeto do elevado foi realizado pela Consol e a Cowan foi responsável pela obra da estrutura que desabou. Nepomuceno pedirá o ressarcimento do erário público referente aos danos decorridos da queda e também pode pedir sanções aos responsáveis, como suspensão de direitos políticos e proibição de contratação em licitações públicas. Segundo ele , como os contratos foram assinados no âmbito da Sudecap, não há qualquer fato que possa levar ao indiciamento do prefeito Marcio Lacerda.

Nepomuceno afirmou que aguarda, desde o ano passado, uma planilha com informações sobre os custos da construção da trincheira. Em janeiro, a PBH anunciou que o projeto para andamento da obra estava sendo concebido.
Há seis dias, entretanto, o secretário de Obras, Josué Valadão, em audiência pública, disse que há a possibilidade de a trincheira não ser executada, embora confirme que há um projeto em fase de detalhamento sendo executado pela Consol. Também informou a possibilidade de ser escolhido outro empreendimento do plano de governo para o uso dos recursos do viaduto que forem restituídos à prefeitura no final do processo que apura as responsabilidades. Em nota, a PBH informou, por meio da Sudecap, que o processo judicial do Viaduto Batalha dos Guararapes ainda está em curso. “Somente depois da definição dos responsáveis transitar em julgado, a prefeitura terá acesso aos recursos. A decisão de seu uso será objeto de avaliação das demandas previstas no programa de governo”, informou no texto.

Inquérito criminal

A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que o delegado responsável pelo caso, Hugo e Silva, deverá concluir o inquérito criminal até 5 de maio. Já é a segunda vez que o prazo é prorrogado. Segundo o órgão, já foram ouvidas 80 pessoas e o processo conta com 1,2 mil páginas. “A definição sobre quem será indiciado será apresentada quando ele relatar o caso”, informou a assessoria. Anunciada em janeiro, a construção da trincheira causou polêmica entre os moradores e comerciantes da região. À época, alegaram que não foram procurados pelos órgãos competentes para informar sobre a obra..