A pedagoga, ainda assustada, contou o drama que passou nas mãos do bandido.
No roubo anterior, criminosos levaram um Honda Fit novo, com apenas mil quilômetros, e um cofre. “Fiquei viúva recentemente e não tenho mais condição de permanecer nesta casa sozinha. Depois desses dois assaltos, não durmo mais aqui. A casa tem alarme, cerca elétrica, tranco as portas e mesmo assim não fico protegida. Mais uma vez fui vítima dessa violência desenfreada”, desabafou.
Ontem, o criminoso fugiu levando a carteira com R$ 370 e o celular do motorista E.T.O., de 48 anos, que presta serviço à família há 12 anos. Ele, que dorme em um quarto nos fundos do imóvel, foi o primeiro a ser rendido.
O assaltante seguiu para a casa principal, levando o motorista. Lá, rendeu a moradora e a empregada. Cerca de 30 minutos depois, a oftalmologista chegou na casa. Ela buzinou, ligou no celular da mãe e do funcionário e só percebeu que algo estava errado quando viu o homem armado saindo do imóvel. Nesse momento, o motorista correu e começou a pedir socorro.
Policiamento é posto em xeque
O administrador de empresas V.D., de 32, confirmou o medo dos moradores do Santo Antônio quanto a roubos e arrombamentos. Segundo ele, recententemente criminosos tentaram enganar sua mãe para entrar no apartamento da família, na Rua Abre Campo. Meses antes, quando chegava em casa, foi rendido por dois homens em uma moto e perdeu carteira e celular. “Os bandidos ficam rondando e esperando para agir. Infelizmente, o patrulhamento da Polícia Militar não é eficiente”, afirmou.
Apesar das queixas, o assessor de comunicação do 22º BPM, capitão Jackson Ramos, informou que a invasão da casa na Rua Benjamim Flores foi um fato isolado e que o policiamento no Santo Antônio é intensificado em todos os turnos, principalmente na madrugada.
O capitão também falou sobre a incrementação da rede de vizinhos protegidos e lembrou que é extremamente importante a participação da comunidade nas reuniões, principalmente para que os moradores saibam como agir caso desconfiem de algo. “É essencial que nos avisem sobre algum desconhecido rondando os imóveis. Não podemos estar em todos os lugares ao mesmo tempo, por isso contamos com a colaboração dos cidadãos”, disse o militar.
"Ouvi tiros e pensei o pior"
G.M.C, pedagoga aposentada e vítima de dois assaltos em 15 dias no Santo Antônio
O que a senhora sentiu sendo vítima de dois assaltos em tão pouco tempo?
É uma mistura de sentimentos. A gente fica triste, apavorada e com raiva. Hoje (ontem), enquanto o bandido insistia para saber onde estava o cofre, eu só ficava me perguntando o que eu ainda estava fazendo na casa. Meu marido se foi, meus filhos se casaram, não quero e não vou mais dormir aqui.
O bandido foi violento? Ele já chegou sabendo o que buscava?
Ele foi muito audacioso. Agiu sem medo. Sabia da minha rotina. Nem sei como conseguiu entrar na minha casa. O alarme só tocou de manhã. Queria o cofre, possivelmente acreditando que eu guardava joias e dinheiro em casa. Mas não sou de ficar acumulando coisas. O que eu tinha de valor, dei de presente. O restante foi roubado.
E quando a filha da senhora chegou, o que passou pela sua cabeça?
Nessa hora eu fiquei desesperada. Minha filha passou por problemas de saúde, enfrentou uma cirurgia e eu não queria que ela passasse por esse estresse. Pedi ao bandido para deixar ela ir embora, mas ele não me ouviu. Saiu, parece que já com a intenção de fazer mal a ela. Ouvi os tiros e entrei em pânico. Pensei no pior. Só depois me avisaram que ela havia tomado um tiro na mão. A gente, nesta altura da vida, ter que passar por isso é muito triste. As pessoas querem se dar bem à custa dos outros, e para elas vale qualquer coisa. Até matar.
.