Jornal Estado de Minas

Moradores de Santa Tereza aprovam tombamento do bairro como Patrimônio Cultural

Conselho tomba 288 espaços, incluindo a Praça Duque de Caxias, e garante características urbanas do bairro da Região Leste da capital

Guilherme Paranaiba
Moradores como o aposentado Euler Ribeiro, que se antecipou e já começou a revitalizar seu imóvel, aprovam tombamento - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press


O Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte se manifestou ontem pelo tombamento de 288 imóveis do Bairro Santa Tereza, na Região Leste de BH. A partir da decisão, qualquer intervenção nesses imóveis só pode ser feita mediante a anuência do conselho, respeitando as características originais. Quatro praças, incluindo a principal do bairro, Duque de Caxias, estão na lista. “Essa decisão é a garantia de que Santa Tereza vai poder permanecer como um oásis dentro da cidade de Belo Horizonte”, diz o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Leônidas Oliveira. Ele afirma que daqui para frente os proprietários serão chamados para que cada um dê início ao processo de tombamento individual. “A tendência é melhorar ainda mais o bairro, pois as pessoas serão incentivadas a restaurar os imóveis e terão a vantagem da isenção do IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano)”, acrescenta.

O presidente da Associação Comunitária do Bairro Santa Tereza, João Bosco Alves Queiroz, destaca que, junto com o que estabelece a já restritiva Área de Diretrizes Especiais (ADE) do Bairro Santa Tereza, o tombamento garante o respeito ao conjunto urbanístico e arquitetônico da região, sem interferência da especulação imobiliária. “É a garantia da preservação do bairro justamente da forma como ele surgiu”, afirma. Um dos imóveis incluídos na lista é o do aposentado Euler Ribeiro, de 63 anos.
Orgulhoso, ele mostra o resultado de uma revitalização que vem fazendo desde 2012, remetendo a casa da Rua Tenente Freitas ao ano de 1929, data da construção original. “O tombamento é uma excelente iniciativa para o bairro, para a cidade e para o país, pois preservar o patrimônio é uma forma de construir a identidade e não deixar que isso se perca com o tempo”, afirma ele.

A opinião é compartilhada pela irmã Maria Emília Ribeiro da Silva, de 67, da Congregação dos Santos Anjos. Morando há apenas um mês em Santa Tereza, ela acredita que já é tempo suficiente para perceber que o bairro merece ter a história preservada. “É um bairro histórico. As construções e o ambiente nos lembram uma cidade de interior, devido à tranquilidade”, afirma ela. A irmã diz ainda que o tombamento vai garantir sossego em um momento da vida em que ela não quer mais agitação.

O músico e auditor aposentado da Receita Federal Milton Santos, de 79, vive há 25 anos em uma casa na Rua Salinas e ontem estava pintando o imóvel. “Gosto de deixá-la com características de uma casa histórica e preservada, pois isso é muito importante para o bairro”, afirma. Natural de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, ele conta que já se acostumou a conviver com casas históricas preservadas e fica feliz de ver o Bairro Santa Tereza ser tombado pelo patrimônio histórico municipal. “Mantém o clima típico do bairro e evita que ele seja alvo do crescimento de prédios de uma forma desordenada”, completa..