Jornal Estado de Minas

'A culpa não é do meu banho'

Campanha pede medidas de redução do consumo de água para o setor econômico

Movimento lançado neste sábado em BH pede que o estado tome providências para diminuir o consumo de água agrícola e industrial

Junia Oliveira
A estiagem é um problema de todos, mas revertê-la é responsabilidade de quem? Motivados pelos alertas em relação ao baixo nível dos reservatórios que abastecem o estado, integrantes do projeto Manuelzão e de organizações não-governamentais (ONGs) lançaram neste sábado, em Belo Horizonte, o movimento "A culpa não é do meu banho".


A campanha exige que o governo do estado tome providências também em relação ao setor econômico para garantir a redução do consumo de água. A população foi conclamada há pouco mais de 15 dias a economizar 30%, sob pena de entrar num racionamento severo nos próximos três meses, caso a situação dos reservatórios não mude. A mobilização, que começou nas redes sociais, cobra a mesma postura para indústrias e mineradoras.

"O abastecimento humano, incluindo o comércio, é responsável por, no máximo, 20% do consumo. Os outros 80% ou mais são da área econômica, que recebe outorga para usar a água", afirma o idealizador do movimento, o ambientalista e coordenador do Manuelzão, Apolo Heringer. Ele critica ainda o preço pago pela outorga: entre R$ 0,01 e R$ 0,02 por cada 1 mil litros. "Assim, as empresas não têm estímulo para investir em tecnologia para economizar água, porque a têm à vontade"

Por meio de nota, a Copasa informou que nos municípios atendidos por ela em Minas Gerais, o volume de água (da estatal) consumido pelas indústrias equivale a 3% e que a companhia não tem instrumento legal para obrigar o setor a adotar, por exemplo, o sistema de reuso da água. "Cabe a todos, poder público, cidadãos, comércio e indústrias, se conscientizar da real necessidade de adotar medidas que visem a redução do consumo e atingir a meta de economizar 30%.
Apolo rebate: "O governo do estado tem o direito sim de rever as outorgas. Não aceitamos pagar mais, porque as mineradoras não pagam nada".

O lançamento da campanha, que havia sido marcado para ocorrer na Casa Fiat de Cultura, está sendo feito na sede do Crea (Avenida Álvares Cabral, 1.600, Santo Agostinho)..