Para acabar com a péssima mania de escovar os dentes ou lavar a louça com a torneira aberta, estabelecimentos comerciais adotaram os equipamentos com temporizadores. Mas, em casa, é possível instalar algo muito mais simples. Luciana explica que, para uso residencial, o mais indicado são os redutores de vazão ou arejadores, que podem ser colocados também nos chuveiros e permitem equalizar a quantidade de litros por minuto.
“Uma torneira do banheiro libera 12 litros de água por minuto.
Entre as soluções que exigem mais técnica, está a construção de um sistema para captação da água da chuva. A arquiteta aponta uma restrição: “É preciso tomar cuidado, pois essa água não pode ser usada para fim potável, como pia e chuveiro, somente para irrigação e vaso sanitário, e desde que com pequeno tratamento com cloro para evitar o mau cheiro”.
Mudança de hábitos é tarefa também para quem se hospeda no Promenade Lavras Hotel, na Savassi. Inaugurado no ano passado, foi um dos estabelecimentos da capital que recebeu o selo BH Sustentável, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. A certificação é destinada aos empreendimentos públicos e privados, residenciais, comerciais ou industriais, que adotarem medidas que contribuam para a redução do consumo de água, de energia, das emissões atmosféricas e da geração de resíduos sólidos, além de alternativas de reciclagem e de reaproveitamento dos resíduos gerados.
Para ganhar a condecoração máxima, de ouro, o hotel investiu em dispositivos que garantiram redução de 35% no consumo de água, 40% no de energia e a capacidade de reciclar 60% dos resíduos. De acordo com a arquiteta da construtora Masb, Fernanda Romano, a intervenção foi maior nos quartos, que consumiam cerca de 70% da água. Nos banheiros, foram instaladas descargas econômicas com válvula para despejo de 3 e 6 litros, que descartam cerca de 80% menos água em relação à bacia sanitária comum.
Nas torneiras, foram agregados misturadores, dispositivos que controlam vazão para 8 litros por minutos, 30% a menos em relação ao modelo tradicional. Em vez de optar pelos chuveiros mais comuns, cuja vazão é em torno de 20 litros/minuto, a escolha foi pelo modelo que libera 40 litros/minuto.
“Descarga e misturador não tiveram preço diferenciado. O único investimento foi no regulador, que custou R$ 18. Para os 170 quartos, gastamos R$ 3 mil a mais numa obra milionária”, afirma Fernanda. “A sustentabilidade está numa pequena intervenção até aquelas maiores. O que fizemos aqui é muito simples e passível de implantação em qualquer empreendimento ou casa e, nesse caso, a um custo menor ainda”, diz.
CLIENTES A gerente do hotel, Ana Júlia Vilela, afirma que conta com o bom senso dos hóspedes e funcionários. “Alguns reclamam que o chuveiro está ruim. Quando explicamos o propósito e falamos do selo, entendem e param de reclamar. Muitos até elogiam depois”, conta. Em tempos de racionamento, até a frequencia de lavar a entrada do estabelecimento foi reduzida.
Os resultados também são visíveis.