Jornal Estado de Minas

Moradores de BH se queixam de demora da Copasa para sanar vazamentos

Problema persiste mesmo depois de muitas reclamações. Empresa promete reduzir tempo de reparo de nove para quatro horas

Sandra Kiefer - Especial para o EM

Síndico Arnold Windenguer reclama de vazamento na rua, que demorou cinco dias para ser sanado: "É inadmissível ficar olhando água limpa indo embora" - Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A PRESS


Em tempos de crise hídrica, moradores de Belo Horizonte cobram da Copasa maior rapidez nos consertos de vazamentos na rede de distribuição, responsável pela perda estimada de até 40% no fornecimento de água em Minas Gerais. Na Rua Herculano de Freitas, no Bairro Gutierrez, esquina com a avenida Raja Gabaglia, na Região Oeste, a descoberta de um cano furado gerou muitas ligações para o telefone de reclamações da operadora (115) denunciando o desperdício.

“Estava minando água na pista. Com a possibilidade de rodízio, é inadmissível ficar olhando a água limpa indo embora”, desabafa o advogado Arnold Dario Windenguer, de 38 anos, síndico do prédio da esquina, onde mora a mãe dele, Lídia. “Sou chato com isso. Estou preparando uma circular no prédio alertando para a necessidade de economizar no tempo do banho e na lavação da garagem”, alerta Windenguer. Síndico de sete prédios, ele conta ter tomado a providência de trancar a mangueira da garagem no depósito, como forma de obrigar o zelador a usar a vassoura para fazer a limpeza da garagem e das calçadas.

Na última quinta-feira, Windenguer entrou em contato com o síndico do condomínio em frente, que também registrou no mesmo dia reclamação na Copasa.
Os reparos no cano, porém, somente foram feitos ontem pela Copasa, cinco dias depois de oficializada a reclamação. A boa notícia é que a concessionária de água iniciou o conserto às 14h30 e terminou às 20h40, sem recapeamento.

Outra consumidora que reclama é a advogada aposentada Dayse Rego de Oliveira, de 74: “Se a Copasa pede para a gente economizar água, ela teria de ser a primeira a dar o exemplo?”.

Segundo a Copasa, o tempo médio para consertos na rede é de nove horas, mas deve cair para quatro horas assim que for implantada a equipe especial de tapa-furos nos canos, com 40 homens, prevista para entrar em operação na semana que vem. Na Região Sudeste, a Copasa perderia apenas para a Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan), capaz de corrigir falhas em tubulações em 7,74 horas, em média. Em São Paulo, a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) informou que seus clientes esperam um dia, em média. E, no Rio, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) pode levar até 48 horas para fazer um reparo.

Empecilhos

Luciana Pacheco, coordenadora do setor de Manutenção e Operação do Distrito Oeste de Belo Horizonte, que abrange o Gutierrez, confirma ter recebido a ordem de serviço na última quinta-feira e tentado iniciar os trabalhos na sexta-feira. Foi impedida pela BHTrans, que alegou o maior volume de trânsito naquele dia para vetar a interdição da rua. O serviço chegou a ser agendado para o sábado, mas foi inviabilizado devido a uma demanda emergencial de rompimento de adutora no Bairro Buritis. Com equipe reduzida no plantão de fim de semana, o serviço acabou sendo adiado para segunda-feira. “As equipes têm ordens para ficar no local até sanar os vazamentos, seja a hora que for. Trabalhamos 24 horas nos reparos”, garantiu.

Em Belo Horizonte, as perdas da Copasa atingem de 35% a 40%, desde a saída da água das estações de tratamento até a chegada nas casas, seja por vazamentos, falta de manutenção da rede ou ligações clandestinas (gatos) para desvio de água. “É um escândalo a perda na entrega das águas pelas empresas de saneamento no Brasil.

E não ocorre só em BH. Em alguns estados do Nordeste, as perdas na entrega da água ultrapassam 50%”, denuncia Apolo Heringer de Lisboa, , idealizador do Projeto Manuelzão e da Meta 2010 do Rio das Velhas.

 

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