“Aconteceu uma vez com a minha namorada, que depois se tornou minha esposa.
J., 54 anos, operador de audiovisual
“Peguei a faca”
“A última explosão que eu tive foi anteontem com meu marido.
Chego a tremer de raiva.”
J., 34 anos, fotógrafa
“Tolerância zero”
“Sou bravo todo dia. Comigo não tem dessa de explosão. Se me encheu o saco, respondo na hora. Momentos de fúria são comuns com pessoas boazinhas, que acumulam tudo e nunca colocam a raiva para fora. São doutrinadas a seguir o mito do marido bonzinho, do chefe bonzinho, da sociedade boazinha. Só que, no fundo, ninguém é 100% bom. É igual aquela letra da música do Tim Maia. Basta que alguém me dê motivo… Teve uma vez em que eu tinha uma pousada e vieram me contar que alguém tinha feito cocô na cachoeira, bem na bica d’água. Meu público era só de jovens universitários e achei aquilo um absurdo. Cansei. Chamei o gerente, mandei oferecer isentar da diária e botar todo mundo para fora. Depois daquele dia, nunca mais abri a pousada. Mudei de ramo. Poderia ter mandado rachar fora da minha propriedade, dado tiro para o alto ou sair batendo, mas não fui grosso com ninguém. Simplesmente fiz o que podia fazer como dono do sítio. Adotei a política da tolerância zero”.
S., 48 anos, empresário
“Comecei a gritar feito louca”
“O engraçado é que todo mundo fala que sou super tranquila. Só que tenho o pavio curto. Meu último ataque de nervos aconteceu há mais ou menos seis meses. Eu estava há um século no ponto e nada de o ônibus chegar. Quando chegou, depois de uns 40 minutos, estava entupido de gente. Nem consegui passar na roleta. Fiquei massacrada lá na frente. Perguntei para o motorista porque havia demorado tanto e ele já ficou meio arredio comigo. Depois de alguns minutos, ele falou que a minha bolsa estava tampando o retrovisor. Perguntei se ele via outro lugar onde eu poderia encaixar a bolsa dentro daquela lata de sardinha. Naquele instante, eu já estava nervosa e estressada reclamando do sistema Move, que retirou vários ônibus que davam acesso ao meu bairro, o Santa Mônica. Por incrível que pareça, as pessoas ao redor começaram a reclamar de quem estava reclamando do ônibus cheio. Uma das mulheres resolveu se intrometer, dizendo que o motorista só estava pedindo para eu retirar a bolsa para evitar o risco de o ônibus sofrer um acidente. Nesta hora, virei para ela igual a um bicho e comecei a gritar feito louca, espremida no meio da multidão: “Olha aqui, deixa eu te falar uma coisa. Se vocês gostam de viver essa rotina, não gostam de ver as pessoas reclamando e querem viver na infelicidade, então f., porque eu não gosto de viver dessa maneira!” A mulher foi ficando com medo de mim. Naquele dia eu barraquei. Posso até ter me excedido um pouco, mas levando em conta a situação, a revolta com o Move se sobrepôs à vergonha. Já colei cartazes na Estação Pampulha, convidando as pessoas a reclamarem contra o sistema.
M., 25 anos, publicitária
“Correr me faz bem”
“Tive um acesso de estresse quando minha filha estava muito pequena, com pouco mais de um ano. Eu era muito nova quando engravidei, com apenas 18 anos, e minha vida tinha mudado toda. Fui acumulando tudo dentro de mim, até o dia em que travei a minha língua. Ela enrolou dentro da boca e só conseguiu destravar depois que fui ao médico e tomei um remédio. Indicaram uma terapia. A psicóloga disse que eu deveria extravasar as emoções. Foi quando eu explodi, depois de uma discussão familiar. Estava reclamando com a minha mãe sobre o fato de ela ser muito estressada e viver reclamando o tempo inteiro. De repente, me vi na mesma situação que ela. Entrei para o meu quarto. Eu estava tão p. que comecei a jogar para o alto tudo o que estava em cima da cama. Roupas, sapatos, bichinhos de pelúcia. Depois, dei um chute com toda força na porta do guarda-roupas. Fez aquele barulhão! Sentei na cama e falei ‘Nuuuu’. Agora eu estou ótima. Parecia que eu tinha jogado para o alto anseios, preocupação com o futuro, bebê, carreira etc. Faz algum tempo que não dou um ataque de doideira. O que me deixa mais tranquila é fazer exercícios físicos. Correr me faz bem”.
M., 25 anos, publicitária.