Jornal Estado de Minas

Motorista de ônibus que capotou e matou cinco na BR-381 é autuado por transporte irregular

Condutor e testemunhas serão ouvidos pela Polícia Civil após a conclusão do laudo pericial do acidente. As cinco pessoas que morreram na saída da pista, em Bela Vista de Minas, já foram identificadas

Cristiane Silva
Veículo saiu da pista da BR-381, capotou e foi parar em uma ribanceira - Foto: PRF/Divulgação


Foi autuado por transporte irregular o motorista do ônibus que caiu em uma ribanceira, na madrugada de quinta-feira, na BR-381, em Bela Vista de Minas, na Região Central do estado. O acidente matou cinco pessoas que seguiam da cidade de Ribeiro Pombal, na Bahia, em direção a São Paulo. Outros 22 ocupantes do veículo ficaram feridos.

De acordo com a Polícia Civil, o caso será investigado pela delegada Ana Carolina Ferreira de Freitas, da Delegacia de Polícia Civil de Nova Era. Nesta manhã, ela ainda aguardava o boletim de ocorrência, que ainda não foi encerrado pela Polícia Rodoviária Federal. Ao longo da quinta-feira, os policiais buscavam identificar as vítimas e colher outras informações necessárias para a confecção do documento.

Por meio da assessoria de imprensa da corporação, ela confirmou que o motorista foi autuado pela PRF, mas não foi preso. Após receber alta médica do Hospital Margarida, em João Monlevade, ele e outras vítimas foram levados para um hotel onde receberam acomodações, alimentação e roupas.
A delegada também aguarda o laudo da perícia feita no local do acidente. Após receber o resultado da apuração, em um prazo de 10 dias, ela deve notificar o condutor e outras testemunhas para depôr sobre o acidente.

Conforme a polícia, o ônibus não tinha a autorização para fazer a viagem da Bahia para São Paulo, e por isso a viagem foi considerada irregular. O veículo foi apreendido e se encontra em um pátio. Alguns comprimidos de rebite (droga sintética usada por condutores para afastar o sono em viagens longas) foram encontrados dentro da cabine do motorista mas, de acordo com a Polícia Civil, ainda não é possível afirmar que o motorista do ônibus consumiu a substância porque ele não passou por exames.



VÍTIMAS O Hospital Margarida recebeu 22 vítimas do acidente com o ônibus, que começaram a receber alta ainda pela manhã. Dois feridos graves foram transferidos para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte. Uma adolescente de 16 anos, sem documentos, sofreu traumas na face e tórax. Segundo a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), o estado de saúde dela ainda é grave e a jovem respira com ajuda de aparelhos. O outro paciente é um homem de 51 anos cujo estado de saúde e estável.

Os mortos, que estão no Instituto Médico Legal (IML) de João Monlevade já foram identificados. De acordo com a Polícia Civil, as vítimas são Josiane Jesus da Silva, de 28 anos, Joseilton Souza Silva, de 26, Fábio Fontana Santos de Oliveira, de 31, Maria Moreira, 61 anos, e Maria Francisa dos Santos, de 76. Fábio era da cidade de Araraquara (SP) e as demais vítimas da Bahia.
Todos moravam na cidade de Ribeiro do Pombal. Os legistas disseram à polícia que até o momento somente os familiares dos dois homens foram até o local fazer o reconhecimento e providenciar a liberação dos corpos para o sepultamento.

O ACIDENTE
O ônibus saiu da Bahia com 27 passageiros. Por volta das 3h, quando passava pela cidade de Bela Vista de Minas – a 124 quilômetros de Belo Horizonte –, num trecho marcado por serras e várias curvas, o motorista perdeu o controle da direção e saiu da estrada. O veículo capotou e foi parar em uma ribanceira. Militares do Corpo de Bombeiros precisaram usar técnicas de rapel para chegar ao veículo.

O condutor do ônibus, que não teve o nome divulgado, conversou com os policiais rodoviários e afirmou que o veículo apresentou problemas mecânicos, versão que não convenceu. “O motorista alegou que a direção do ônibus travou, mas pelas características do local e por não ter marcas de frenagem na pista, suspeitamos que ele cochilou”, disse o agente Felipe Pereira ao em.com.br na tarde passada.

(Com informações de Luiz Ribeiro e João Henrique do Vale).