Jornal Estado de Minas

PM suspeito de atirar em jovem em aglomerado no Calafate é preso

Caso aconteceu durante uma confusão envolvendo policiais e moradores no último sábado. Adolescente também ficou ferido

Mateus Parreiras
O policial militar envolvido na morte de um jovem de 23 anos, no último sábado, na Vila Bimbarra, no Calafate, Região Oeste de BH, foi preso ontem no 22º Batalhão, na Cidade Jardim, e está à disposição da Justiça.
Seu nome e patente não foram revelados, mas a reportagem apurou se tratar de um soldado. Depois de uma operação da corporação na favela, o jovem e um adolescente se envolveram num conflito que resultou em disparos, que deixaram também o menor ferido. Moradores revoltados incendiaram três ônibus que circulam pela Avenida Tereza Cristina.


De acordo com a versão dos militares, o jovem morto, Alexandre de Souza, tentava resgatar o menor que foi apreendido com drogas. Moradores também teriam tentado tomar a arma do policial, que acabou disparando. Testemunhas da comunidade dizem que o tiro foi proposital e que as drogas foram plantadas para encobrir o assassinato. O corpo de Alexandre foi enterrado ontem.

Também ontem, a Polícia Civil abriu inquérito para apurar a morte do rapaz na Delegacia de Homicídios Sul.


Em nota, o batalhão informou que o local do crime, o Beco Biguatinga “é conhecido ponto de tráfico de drogas”. “Só nos últimos quatro meses, houve quatro registros de apreensão de drogas e prisão de traficantes. Assim, a Polícia Militar realiza operações frequentes para combater a criminalidade naquele lugar.” Ainda segundo o texto, no dia da morte, houve uma operação que resultou na apreensão de um menor de 15 anos, que fugia com oito pinos de cocaína. Um militar o conteve, mas Alexandre e um grupo de pessoas tentou resgatar o menor e tomar a arma do policial, quando correu o disparo acidental.


De acordo com a PM, a vítima foi socorrida, vindo a morrer na UPA Oeste. “Alexandre já havia sido preso por tráfico, porte ilegal de arma e direção perigosa, após fugir de uma abordagem policial. Os policiais foram agredidos com pedradas, chutes e socos. Sofreram lesões na cabeça e nos braços. Duas viaturas foram danificadas”, informou a nota.

APURAÇÕES O pai de Alexandre, o assessor parlamentar e líder comunitário Elton Moura, de 61, diz confiar nas apurações da Polícia Civil e da Polícia Militar. “Não quero me envolver nisso, nem minha família. Acredito na justiça divina. Nada vai trazer meu filho de volta e, depois que o enterrei, todos puderam ver pelo tanto de pessoas que foram ao cemitério que ele era querido e bom, ao contrário do que possam dizer”, afirma.

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