Jornal Estado de Minas

Ministério Público lança nova campanha para resgatar mais de 700 peças sacras de Minas

O foco da campanha é conclamar a população para denunciar sempre os sumiços e os crimes

Jorge Macedo - especial para o EM
Gustavo Werneck

- Foto: Ministério Público de Minas - divulgação

 

A luta para recuperação de bens desaparecidos de igrejas, capelas e museus de Minas renova sua força, amplia horizontes e pede a colaboração efetiva das comunidades para localizar e trazer de volta ao estado imagens, partes de altares, cálices e outros objetos sacrosO Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio da Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais (CPPC), lança campanha para coibir o comércio clandestino das peças, muitas das quais podem ter sido furtadas ou vendidas ilicitamente ao longo de décadasO esteio da campanha é um cartaz conclamando a população para denunciar sempre os sumiços e os crimesFotos estarão disponíveis também nas redes sociais

Segundo levantamento concluído ontem pelo MPMG, o número de peças sacras mineiras desaparecidas é de 720O coordenador do CPPC, promotor de Justiça Marcos Paulo de Souza Miranda, explica que, para fechar a conta, foi decisiva a colaboração de moradores da capital e interior do estado, que passaram informações valiosas, incluindo fotografias antigas, documentos de família, relatos e outros dados“Na última campanha que fizemos, em 2005, tínhamos 200 bens apreendidosHoje, são mais de 500”, afirma o promotor

Minas já perdeu mais de 60% do seu acervo artístico esculpido nos tempos coloniais, Império e início do século passado“A chama da esperança de reencontrar os bens desaparecidos continua acesa entre os devotos, e em nós mais ainda a confiança de localizá-los”, diz Marcos PauloCom uma tiragem inicial de 1 mil exemplares e recursos do MPMG, os cartazes estão sendo entregues às 296 promotorias de Justiça do estado, a órgãos de proteção, como Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), delegacias de polícia, arquidioceses, paróquias, aeroportos e rodoviárias



Logo depois de terminada a distribuição, está prevista a reimpressão do material, que traz 32 imagens coloridas ou em preto e branco, únicos registros do tempo em que as peças compunham o conjunto religioso de igrejas, capelas e museus“Esta é a primeira vez que os cartazes expõem um grande número de obrasProcuramos diversificar ao máximo, apresentando imagens pertencentes a cidades como Oliveira, na Região Centro-Oeste, Congonhas, na Central, Campanha e Serranos, no Sul e Itacambira, no Norte”, explica o promotor, lembrando que o trabalho decisivo para recuperar os tesouros sumidos começou em 2003, mediante operações policiais, ações na Justiça, devoluções espontâneas, entregas aos padres, durante a confissão individual, anônimas ou pelo correio, sem remetente

Com a divulgação das fotos das imagens, as autoridades do MPMG querem aproximar ainda mais as relíquias – a maior parte esculpida no século 18, em madeira policromada – da população e, com isso, ter informações sobre o paradeiros dos bens“A campanha tem o caráter informativo e preventivo, pois impedir furtos é o mais importante nesse casoDessa forma, a vigilância dos monumentos é primordial para impedir assaltos”, alerta o coordenador do CPPC.
- Foto:
Um olhar cuidadoso sobre o cartaz faz brilhar o esplendor do tesouros de MinasNa galeria, está o Cativo (século 18), furtado em 1994, do Museu Regional do Sul de Minas, em Campanha; São José (séc18), furtado em 1996 da Igreja de Nossa Senhora da Soledade, distrito de Lobo Leite, em Congonhas; Nossa Senhora do Bom Sucesso (séc18), furtada em 1994 da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso, em Serranos; Santana Mestra (séc18), furtada em 1997 da Igreja Matriz de Santana, em Inhaí, Diamantina; São Miguel Arcanjo (séc
18/19), furtado em 2003 da Igreja Matriz de São Caetano, em Mariana, e Nossa Senhora da Conceição (séc19), furtada em 2003 do Museu de Arte Sacra Dom José Medeiros Leite, de Oliveira

PARA DENUNCIAR

Quem tiver informações sobre peças roubadas e quiser fazer denúncias pode acionar:

Ministério Público de Minas Gerais


e-mail: cppc@mpmg.mp.br e telefone (31) 3250-4620Pode também
enviar correspondência para Rua Timbiras, 2.941, Bairro Barro Preto,
Belo Horizonte, CEP: 30.140-062

Iphan


Para obter ou dar informações, basta acessar o www.iphan.gov.br e verificar
o banco de dados de peças desaparecidasDenúncias anônimas podem ser feitas pelo telefone (21) 2262-1971 ou pelo e-mail bcp-emov@iphan.gov.br.

Iepha/MG

Acesse www.iepha.mg.gov.br ou ligue para (31) 3235-2812 ou
2813Cartas podem ser enviadas para a Rua Aimorés, 1.697, Bairro
Lourdes – Belo HorizonteCEP 30.140-071