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Estado de Minas

Belo Horizonte tem dia de extremos com calor recorde e chuva forte

Capital enfrenta dia de extremos no clima. Calor recorde favoreceu incêndio de grandes proporções no símbolo da cidade, que teve pancadas de chuva e até queda de granizo


postado em 01/10/2014 06:00 / atualizado em 01/10/2014 07:13

Chamas que atingiram a Serra do Curral na altura do Bairro Belvedere chegaram a ameaçar antenas de rádio e TV(foto: Túlio Santos/EM/DA Press)
Chamas que atingiram a Serra do Curral na altura do Bairro Belvedere chegaram a ameaçar antenas de rádio e TV (foto: Túlio Santos/EM/DA Press)


DO FOGARÉU...


Tempo seco, calor escaldante e vento. A combinação, favorecida pela temperatura recorde registrada ontem em Belo Horizonte, serviu de combustível para um dia difícil de esquecer em toda a cidade, mas especialmente para moradores do Belvedere, castigados pelo incêndio que atingiu a Serra do Curral, na mata próxima à Avenida Professor Cristóvam dos Santos, uma das principais do bairro nobre na região Sul de Belo Horizonte. Sem direito à chuva que no meio da tarde de ontem trouxe alívio a algumas regiões (leia abaixo), moradores, alguns com baldes de água tirados das piscinas e até parentes de pacientes internados em uma clínica de cirurgia plástica juntaram esforços para tentar controlar o fogo.
As labaredas ganharam grande proporção e uma coluna de fumaça preta cobriu o céu, obrigando a retirada dos 800 alunos do turno da tarde da Escola Internacional Fundação Torino, uma das únicas instituições educacionais a ter a sua própria brigada de incêndio. Antenas de transmissão de rádio e TV também ficaram ameaçadas e algumas emissoras chegaram a sair do ar.


“Os bombeiros chegaram quase uma hora depois dos primeiros chamados, com o fogo já praticamente controlado”, criticou o bombeiro civil Leonardo Rodrigues Assunção, ex-fuzileiro naval, de Brasília. Ele não sabia se devia se preocupar em ajudar a combater as chamas ou com a cirurgia da mulher, Renata, que durante o incêndio passava por uma lipoaspiração. Ela e outra paciente tiveram de ser transferidas para outra sala de cirurgia, já que os fundos da clínica podiam ser atingidos pelo fogo. Dois toldos acima das janelas dos quartos foram queimados.

Para o bombeiro civil Leonardo Assunção, a maior ajuda veio da Mineradora Lagoa Seca, que usou uma bomba de água de alta pressão para apagar o fogo, que teria começado por volta de 13h30, na estrada que passa por dentro da área da empresa. Moradores do Belvedere desconfiavam que a origem do fogo estivesse ligada à feira que ocorre no bairro a partir das 13h. “O fogo quase entrou na minha casa. Agora que o pior já passou, acho uma verdadeira covardia fazer isso com a mata e com os pássaros”, protestou a supervisora educacional Gláucia Monteiro de Castro, que mora na Rua Jornalista Djalma Andrade. Ela e dois vizinhos saíram para o quintal com mangueiras para tentar ajudar a combater as chamas.

“O que matou as pessoas na tragédia de Santa Maria (RS) não foi o incêndio, mas o pânico”, ensinou Magno Braz, diretor administrativo da Fundação Torino e chefe da brigada interna, formada por 70 pessoas. Ele explica ter tomado a medida de evacuar a escola devido à fumaça, que poderia atingir a instituição caso o vento mudasse de direção. “Conseguimos fazer tudo com tranquilidade”, disse, satisfeito com o treinamento da brigada.

No twitter dos Bombeiros, o alerta para o primeiro chamado do incêndio estava registrado às 13h29, com o deslocamento de três viaturas às 14h03 e nova solicitação às 14h30, quando as labaredas já se aproximavam das antenas de transmissão. Com a propagação do fogo, foram deslocados 22 militares, um helicóptero e um avião para controlar as chamas. Por causa do incêndio, as rádios Guarani 96,5 FM e Antena 1 FM tiveram de desligar seus equipamentos por medida de segurança, ficando fora do ar na tarde de ontem.

Na Avenida Vilarinho, onde choveu granizo rapidamente, pancada surpreendeu, mas também trouxe alívio(foto: Marcos Michelin/EM/DA Press)
Na Avenida Vilarinho, onde choveu granizo rapidamente, pancada surpreendeu, mas também trouxe alívio (foto: Marcos Michelin/EM/DA Press)

 
...AO TEMPORAL

Depois de 64 dias de estiagem, moradores de Belo Horizonte puderam ver os primeiros sinais do aguardado fim da seca. No meio da tarde de ontem, dia em que os termômetros chegaram à marca de 34,8 graus – a mais alta temperatura registrada em 2014 – pancadas isoladas trouxeram alívio, pelo menos a algumas áreas da cidade. O céu escureceu e choveu na Pampulha e nas regiões Norte, Leste e de Venda Nova. Mas o volume de ontem, considerado baixo por meteorologistas, ainda não significa o início do período chuvoso. Até amanhã, há previsão de mais chuva e de queda na temperatura, que deve ficar em torno de 30 graus. Mas, a partir do fim de semana, quando os termômetros devem marcar cerca de 28 graus, a tendência é de que não chova, o que deve voltar a ocorrer somente a partir do dia 20, segundo o meteorologista Ruibran dos Reis, do Instituto ClimaTempo.

A chuva de ontem não causou grandes estragos, mas foi o suficiente para deixar estabelecimentos comerciais e moradias sem energia elétrica, semáforos desligados, além de ter pego muita gente de surpresa. Na Avenida Vilarinho, em Venda Nova, chegou a cair granizo. “Vim ao banco e tive que ficar dentro do carro, por causa das pedrinhas de gelo. O calor estava tão forte que nem imaginei que poderia chover”, contou o serralheiro Nilson Jesus Santos Flores, de 39 anos. No Shopping Norte, na mesma via, lojas baixaram as portas, porque faltou luz e o trânsito na região ficou confuso, com a pane dos semáforos.

O calor que fez muita gente reclamar ontem também não dava indícios aos motociclistas de que seria preciso usar capas de chuva. Por isso, muitos precisaram interromper a viagem. “Estou vindo de Nova Lima e lá estava um calor insuportável. Vi muita fumaça no céu, na região do Belvedere, mas vindo para Venda Nova o clima mudou completamente”, disse o pintor Leandro Dias, de 23, parado em uma loja na Vilarinho, sem saber que a vegetação pegava fogo na Região Centro-Sul da capital.

A chuva foi resultado justamente do calor, como explica o meteorologista Heriberto dos Anjos, do Instituto PUC Minas Tempo Clima . “Nesta época do ano, temos a combinação de altas temperaturas com a intensificação de áreas com aglomerados de nuvens. O calor funciona como motor, favorecendo a ocorrência das pancadas de chuva”, disse. No estado, a cidade de São Romão teve a temperatura mais alta ontem (38,7 graus). Hoje, há previsão de chuvas isoladas para todo o território mineiro, com maior probabilidade nas regiões Central, Sul, Zona da Mata, triângulo e Oeste.

OURO PRETO
Em Antônio Pereira, distrito de Ouro Preto, na Região Central de Minas, poucos minutos de chuva bastaram para causar muita destruição. O temporal acompanhado de rajadas de vento, derrubou muros, árvores e postes ontem à tarde. Segundo a Defesa Civil do município, 120 pessoas ficaram desabrigadas e foram levadas para uma escola. Quatro moradores foram atingidos por escombros e tiveram ferimentos leves.


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