Jornal Estado de Minas

Improviso marca reabertura da Pedro I após quase três meses de interdição

Uma semana depois do previsto, avenida Pedro I é liberada com pendências e obras feitas a toque de caixa. Pedestre é o maior prejudicado

Valquiria Lopes
Operários tiveram que correr para instalar placas e providenciar a limpeza da via. Mesmo assim, abertura ocorreu após o previsto - Foto: Fotos: Marcos Michelin/EM/D.A.Press

Motoristas que passam pela Avenida Pedro I, na Região de Venda Nova, podem respirar um pouco mais aliviados depois de enfrentar 89 dias de sufoco na via, fechada para o trânsito por causa da queda de uma das alças do Viaduto Batalha dos Guararapes. Ontem, o importante corredor de acesso ao Vetor Norte de Belo Horizonte foi completamente aberto para o tráfego de veículos, o que permitiu o retorno dos ônibus do Move para a pista exclusiva e pôs fim ao gargalo no cruzamento com a Avenida General Olímpio Mourão Filho, onde havia um desvio. Essa avenida, que também estava interditada, voltou a receber fluxo de veículos, reativando a ligação entre os bairros Planalto e São João Batista . Mas, mesmo tendo ultrapassado em mais de uma semana o prazo para liberação total – a pista foi parcialmente aberta para carros no último dia 20 –, o desbloqueio definitivo atrasou e foi cercado de correria e providências de última hora. Marcado para 15h, ocorreu cerca de duas horas depois e exigiu que operários travassem uma verdadeira corrida contra o relógio para concluir obras de recapeamento, sinalização no asfalto e instalação de placas e semáforos.

Com os reparos de última hora, classificados até por funcionários da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) como “paliativos para abertura do tráfego”, a situação da Pedro I ainda não é definitiva. Restam muitas intervenções a serem feitas para garantir segurança na circulação viária, especialmente para o pedestre, que precisa conviver com a falta de travessias demarcadas no solo e de sinalização vertical. A classificação do cenário como inacabado foi dada também por funcionários da BHTrans, que poucos minutos antes do horário previsto para a abertura do tráfego não sabiam onde seria a área demarcada para passagem de quem está a pé. “Os técnicos estão fazendo uma vistoria, porque há risco de atropelamento”, disse um deles, que não quis se identificar.
Como não foi possível concluir a travessia ontem, todo o entorno dos canteiros centrais foi cercado por telas e a passagem para pedestres foi mantida a cerca de 50 metros do cruzamento com a General Olímpio Mourão Filho.

Quem precisa atravessar nessas circunstâncias teme pela segurança. “Está perigoso e inadequado para a passagem de pedestres. Como precisamos passar por aqui, ficamos reféns dessa situação, que considero ser um desrespeito por parte do poder público”, reclamou a dentista Roxane Assis Nogueira, de 38 anos, que ontem se arriscava entre carros para levar a filha ao médico, na Avenida Pedro I. “Liberam de qualquer forma só pra cumprir um prazo e não pensam na segurança das pessoas.”

Na lista de medidas pendentes estão a instalação de placas, conclusão de canteiros, construção de uma ilha na pista central do Move para auxiliar pedestres no cruzamento, além de limpeza geral do entorno, ainda cheio de máquinas e restos de construção. Até 16 de outubro, a BHTrans deve apresentar ao Ministério Público estadual uma solução definitiva para o trânsito na região, inclusive esclarecendo se será construído outro viaduto.

TRAGÉDIA A alça sul do Viaduto Batalha dos Guararapes caiu em 3 de julho, matando duas pessoas e deixando 23 feridas. Laudos encomendados pela construtura e pela Polícia Civil apontam que houve erros de cálculo no projeto, sendo que a polícia relata ainda falhas de execução. O problema, que envolveu o uso de menos aço do que o necessário na estrutura, também foi identificado na alça norte do viaduto e, por isso, o braço que se manteve de pé foi demolido no último dia 14.

Por causa do acidente, comerciantes disseram ter enfrentado prejuízos enormes e tentam, com a liberação, retomar o movimento. “A situação melhorou depois que abriram a primeira parte. Com a liberação total, com certeza vai ficar melhor. Mas ainda vai levar pelo menos um trimestre para o movimento voltar ao normal. Até lá, é preciso ter paciência”, contou o empresário Leopoldo Júnior, de 47, dono de uma loja de peças para motos na Pedro I. A gerente de vendas Vanete Aparecida da Silva Reis, de 38, que trabalha na loja vizinha, comemorou a liberação do tráfego. Mas ponderou: “Os problemas ainda persistem.
É muita confusão, barulho, poeira e insegurança para as pessoas que circulam a pé”. De acordo com funcionários da Sudecap que trabalhavam ontem na Pedro I, as intervenções viárias restantes serão concluídas nos próximos dias.

Três cruzamentos, Três problemas


- Foto: Fotos: Marcos Michelin/EM/D.A.Press
1 - Avenida Pedro I com Avenida General Olímpio Mourão Filho


A Pedro I foi totalmente liberada para carros, mas intervenções viárias ainda precisam ser feitas para garantir a segurança na travessia de pedestres. É necessário concluir canteiros, implantar sinalizações vertical e horizontal definitivas, além de trocar uma placa de concreto na pista do Move que afundou no dia da demolição da alça norte do viaduto. No local foi colocado asfalto, provisoriamente.

- Foto: Fotos: Marcos Michelin/EM/D.A.Press
2 - Viaduto Montese


A estrutura, que já havia cedido cerca de 30 centímetros em fevereiro, ainda não permite o cruzamento entre os dois lados da Pedro I. A conclusão, antes anunciada para meados de outubro, foi adiada para o fim do mesmo mês. Segundo a PBH, estão em fase final sinalização, iluminação, adequações de meio-fio e remanejamento de adutora da Copasa. A Sudecap ainda analisa que testes serão feitos antes da inauguração.

- Foto: Fotos: Marcos Michelin/EM/D.A.Press
3 - Viaduto Monte Castelo


Está liberado para o tráfego de veículos, mas apresenta trincas na parte de baixo do tabuleiro (pista). De acordo com a Sudecap, a estrutura já foi submetida a testes, bem como todos os viadutos das avenidas Pedro I (exceto o Montese), Antônio Carlos e Vilarinho. Segundo a superintendência, as estruturas passaram por rigorosíssimo monitoramento nos últimos 60 dias e foram aprovadas..