Jornal Estado de Minas

Parque Estadual Serra do Rola-Moça fica vulnerável a constantes queimadas

Jorge Macedo - especial para o EM
Márcia Maria Cruz

Wandeir Pacheco trabalhou ontem como voluntário no combate às chamas que insistem em queimar a vegetação do Rola-Moça - Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press

Às vésperas de completar 20 anos de criação, o Parque Estadual Serra do Rola-Moça sofre com constantes queimadas que destroem a fauna e a flora e ameaçam os mananciais que abastecem BH e região metropolitana. Nas últimas 24 horas, 82 brigadistas e bombeiros tentaram debelar as chamas de dois focos na área, um próximo à Região do Barreiro, na capital, e outro no alto da serra que dá acesso a Casa Branca, em Brumadinho. O fogo queima também a vegetação perto do Alphaville e na Serra da Moeda. Na manhã desta sexta-feira, bombeiros atuam no combate de duas frentes de fogo na área do condomínio e no parque estadual.

Até a noite de ontem não havia balanço da área atingida, mas, de acordo com a Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), pelo menos 80 hectares foram consumidos. Já são 102 focos de incêndio só este ano no parque, que ocupa áreas de quatro municípios. “Ainda não temos os números desses últimos dois focos, mas a área queimada em 100 focos este ano é mais que o dobro da que foi destruída em 2013”, informou gerente do parque, o biólogo Marcus Vinícius Freitas. O fogo foi colocado em pontos situados em uma mesma linha, o que aumentam as suspeitas de ter sido criminoso.

Na Região do Barreiro, o foco teve início às 15h da quarta-feira e só foi controlado depois de 24 horas de ação de bombeiros e brigadistas.
Wandeir José Pacheco foi um dos voluntários no combate às chamas. Em Casa Branca, o foco iniciou três horas depois, também na quarta-feira, e até a noite de ontem não havia sido controlado. Hoje cedo, aeronave sobrevoa áreas inacessíveis por terra definir estratégias de combate aos incêndios.

 Como a região é íngreme, o combate por terra é mais difícil. Duas aeronaves e o helicóptero Arcanjo jogaram água sobre a área para impedir que o fogo se alastrasse. Até ontem, foram jogados 84 containers de água de 500 litros cada um, mas sem sucesso. “A natureza se compõe, mas a cada novo incêndio essa capacidade fica comprometida”, afirma Marcus Vinícius.

O Rola-Moça está localizado no encontro de dois biomas, a mata atlântica e o cerrado, o que faz com que seja privilegiado em mananciais, são seis. Quando a vegetação é destruída pelas chamas, um dos efeitos é a queda da qualidade e da quantidade da água. Sem cobertura vegetal, a água não penetra no solo e ocorrem as erosões e desabamentos. A longo prazo, há prejuízo para os lençóis freáticos. “Quando vemos a seca da nascente do São Francisco, na Serra da Canastra, concluímos que temos que aumentar, e muito, o cuidado com os mananciais”, diz Marcus Vinícius..