O zoológico de Belo Horizonte volta a fazer história. Agora, dois bebês gorilas vivem lá. O filhote de Imbi, nascido no início da noite de quarta-feira, passa bem e ficou o dia de ontem sob os cuidados da mãe, o olhar atento do pai Leon e a companhia de Lou Lou e seu rebento. A instituição mineira ficou internacionalmente conhecida por ser o local de nascimento dos primeiros gorilas genuinamente brasileiros. O primeiro deles, um macho, nasceu há 38 dias. Com cinco animais no recinto, é também a única do país a abrigar uma família inteira dessa espécie em cativeiro.

O nascimento foi registrado pelas câmeras de vigilância instaladas no recinto dos animais. Depois de 1h20 em trabalho de parto, a mais nova mamãe de primeira viagem parece ter se lembrado bem da experiência de Lou Lou para tomar todos os cuidados necessários e fazer ainda melhor. Às 17h, ela pegou o feno, fez o ninho.

Às 18h20, deu à luz. Ao contrário da amiga, que ficou um dia todo com o cordão umbilical, Imbi tratou logo de cortá-lo e de limpar o filhote. “Notamos ontem (quarta-feira) no fim da tarde uma mudança de comportamento nela, a começar pela alimentação, que foi bem pouca”, afirmou o biólogo e diretor da Fundação Zoo-Botânica (FZB-BH), Gladstone Araújo.

Sob os cuidados da mãe Imbi, gorilinha, que ainda não tem sexo conhecido, tomou banho de sol ontem: torcida é para que seja fêmea - Foto: Beto Novaes/EM/D.A Press

Ontem pela manhã, o gorilinha estava devidamente aninhado sobre a mamãe, recebendo cheiros e carinhos do pai. Leon saiu para tomar ar fresco no recinto, por alguns minutinhos, pela manhã. As duas fêmeas e seus respectivos bebês passaram grande parte do dia dentro área de manobra. No fim da tarde, Imbi saiu com o bebê para um banho de sol. Lou Lou não se desgrudou dela, até mesmo durante a alimentação.

Assim como no primeiro caso, a expectativa agora é para saber o sexo do mais novo morador do zoológico. A torcida dos funcionários é para que seja uma fêmea. Por enquanto, o que se sabe é que o filho é, literalmente, a cara da mãe, com o mesmo nariz chapado. “Esse filhote nasceu tão grande quanto o outro, mas tem características diferentes. O nariz e as extremidades do corpo, como mãos e orelhas, são mais róseas. Mas não dá para afirmar ainda qual é o sexo, porque é típico da espécie um animal nascer diferente do outro”, diz Araújo.

Os gorilinhas deverão ficar agarrados às mamães pelos próximos quatro anos, de acordo com o diretor. Até 1 ano de idade, assim como entre os humanos, eles devem andar. “Depois de um tempo, elas começam a carregá-los de forma mais solta e depois os levam para as costas e para pequenos passeios”, afirma o diretor.

Rotina

Além de dois bebês, nada muda na rotina da família. Assim como Lou Lou, Imbi começará a receber suplemento de cálcio, misturado ao bolo, por causa da amamentação. Atualmente, o recinto está aberto aos visitantes apenas na área do túnel. A equipe de tratadores vai observar o que ocorrerá nos próximos dias. A tendência é manter o local dessa forma, se os animais permanecerem calmos.

A auxiliar de contabilidade Eliane Lara Vieira, de 40 anos, esteve ontem com o filho Guilherme, de 7, na expectativa de ver a família de gorilas. “Seria legal se aparecessem. É muito importante o que está acontecendo”, disse o menino. Os dois não veem a hora de saber os nomes dos moradores ilustres.

Dia 12 do mês que vem, no Dia das Crianças, começará a votação popular para dar nome ao filhote de Lou Lou.

Quebrando a tradição de uma eleição com opções de origem africana, desta vez, estarão na lista nomes em tupi-guarani.

- Foto:
OS GORILAS

IMBI
Nascimento: 2000
Quando chegou à Zoo-Botânica: 2011
De onde veio: Reino Unido
Peso: 75,3 Kg
Medida da cabeça %2b corpo: 83 cm (em 05 de setembro de 2011)

LEON
Nascimento: 1998
Quando chegou à Zoo-Botânica: 2013
De onde veio: Espanha
Peso: 180 Kg
Medida da cabeça corpo: 141 cm (em 31 de outubro de 2013)

 

LOU LOU
Nascimento: 2004
Quando chegou à Zoo-Botânica: 2013
De onde veio: Reino Unido
Peso: 68,4 Kg
Medida da cabeça corpo = 95 cm (em 31 de outubro de 2013)

LINHA DO TEMPO

1975
Chega ao zoológico de BH o gorila Idi, com 2 anos de idade

1993
Início dos esforços para trazer uma fêmea para Idi

1997
Zoológico de BH recebe especialistas de uma associação de conservação dos EUA que deram orientações para melhorar o recinto de Idi, prevendo a vinda de fêmeas. Técnicos da Fundação Zoobotânica (FZB-BH) começaram a participar de eventos no exterior e estreitar relações para apresentar o zoológico de BH

2003
O sonho de uma fêmea é jogado por terra, depois do recebimento de carta da instituição norte-americana informando que não atenderia o pedido, pois havia 137 zoológicos na fila de espera

2004
Zoológico de BH é incluído na associação de proteção aos gorilas dos EUA.

2007
A direção resolve retomar negociações com instituições europeias. Descobrem a Fundação Aspinall

2008
Assinatura da parceria com a Vale. Fundação inglesa determina novas melhorias no recinto do gorila.

2010
FZB-BH é habilitada a receber gorilas de instituições filiadas à Associação Europeia de Zoológicos e Aquários (Eaza, na sigla em inglês)

Abril de 2011
a coordenação do Plano de Proteção de Gorilas da Eaza recomenda a transferência de duas gorilas fêmeas da Fundação Aspinall para BH

Julho de 2011
FZB-BH consegue licenças sanitárias e ambientais

Agosto de 2011
Imbi e Kifta chegam a BH

Março de 2012
Morre Idi, aos 37 anos

Março de 2013
Morre Kifta

Outubro de 2013
Lou Lou e Leon chegam em BH

Fevereiro de 2014
Confirmada gravidez de Lou Lou e de Imbi

Agosto de 2014
No dia 5, nasce o filhote de Lou Lou, o primeiro gorila da América do Sul

Setembro de 2014
No dia 10, nasce o filhote de Imbi, o segundo gorila da América do Sul

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