Jornal Estado de Minas

Assassino de primo de Bruno é condenado a 15 anos de prisão em júri popular

Réu confessou o crime e negou que o assassinato de Sérgio tenha relação com Caso Bruno

João Henrique do Vale
Foi condenado a 15 anos de prisão por homicídio qualificado, na noite desta quarta-feira, Alexandre Ângelo de Oliveira, o Neguinho, réu confesso do assassinato de Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro Bruno Fernandes.
O crime aconteceu em 2012 no Bairro Minaslândia, em Venda Nova, depois que a vítima assediou a mulher do acusado, que já foi condenada. Em depoimento, Neguinho descartou qualquer possibilidade do homicídio ter relação com o sumiço e morte de Eliza Samudio. A pena deve ser cumprida em regime inicialmente fechado.

O juiz Maurício Leitão Linhares, que preside a sessão, começou os trabalhos às 13h. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), representado pela promotora Patrícia Estrela Vasconcelos, dispensou todas as suas cinco testemunhas arroladas. A defesa, a cargo do advogado Ronaldo Lara Júnior, manteve as cinco pessoas intimadas por ele. O conselho de sentença foi formado por quatro mulheres e três homens, que foram escolhidos através de sorteio.

A possibilidade da morte de Sérgio ter sido encomendada por Luiz Henrique Romão, o Macarrão, hipótese levantada na época das investigações, voltou à tona durante o julgamento. Dois familiares da vítima, que prestaram depoimento, citaram a intriga existente entre Macarrão e Sales.
As duas testemunhas afirmaram que os dois tinham diferenças por causa da amizade com o goleiro Bruno.

A ex­namorada do primo do atleta disse que ainda acredita que o crime tem relação com o assassinato de Eliza Samudio. Essa hipótese foi desmentida por neguinho em seu depoimento. O réu confessou o crime e disse que o assedio contra a mulher motivou seu ódio. O réu afirmou que não conhecia nenhum dos envolvidos do caso Bruno e que não foi queima de arquivo.

Debates

O Defensor Público Giovani Manzo, assistente de acusação, começou os debates reforçando o que disse o réu. Segundo o advogado, nada no processo liga o crime ao Caso Bruno. As motivações para o assassinato de Sérgio seria sedução e manipulação. A fala foi reforçada pela Promotora Patrícia Estrela, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Para ela, o crime foi motivado por ciúme.

A promotora também ressaltou que o réu agiu por motivo torpe e com recurso que dificultou a defesa da vítima. Inclusive, com agressão desproporcional. Para ela, Alexandre já saiu de casa com a intenção de matar, pois carregava uma arma calibre 38 de seis tiros que foi carregada. A vítima foi atingida por oito disparos.

Ainda durante o debate, o advogado de defesa, Ronaldo Lara, tentou desqualificar a vítima dizendo que ela tinha problemas com a polícia. Ele afirmou que a condenação do réu por ter matado uma pessoa é eterna. Disse que Alexandre matou de forma irresponsável e que já paga por isso.

O crime

Sérgio foi assassinado em 22 de agosto de 2012.
Denilza continuou o caminho e ouviu Sérgio dizer que, se ela passasse novamente no local, ele iria repetir os atos do dia anterior. A mulher chegou em casa, onde mora com o marido, e ligou para Alexandre, com quem tem um relacionamento extraconjugal. O homem, que já foi preso e condenado por tráfico de drogas, afirmou que no dia seguinte iria levá­la ao trabalho.

Logo cedo, Alexandre foi até a casa de Denilza em uma moto vermelha e cumpriu o combinado. Porém, não fez o caminho completo até o trabalho dela. A mulher foi deixada para seguir parte do caminho a pé, enquanto era monitorada por ele. Durante o percurso, Sérgio novamente foi ao encontro da garota e tentou agarrá­la.

Alexandre se aproximou do primo de Bruno e disse: “então é você o estuprador”. Logo em seguida, deu dois tiros em Sérgio que saiu correndo. Enquanto ele fugia, o suspeito atirou quatro vezes, mas nenhum tiro acertou a vítima. Sérgio ainda conseguiu correr e se escondeu atrás de uma árvore, na casa de amigos. Alexandre se escondeu atrás de um carro que estava estacionado no quintal da casa, recarregou a arma e voltou a atirar contra o jovem.
Como o primo de Bruno não revidou os disparos, o homem desferiu cinco tiros à queima roupa. O último deles atingiu a boca de Sales. O casal foi preso em 3 de setembro do ano passado em cumprimento a um mandado de prisão..