Jornal Estado de Minas

Belo Horizonte.

Antes de ação de despejo, PM e integrantes de ocupações voltam a se reunir

No encontro, polícia vai esclarecer como será reintegração de posse no bairro Granja Werneck; sem-teto criticam falta de diálogo.

Rafael Passos
A Polícia Militar (PM) e representantes da ocupação de terra no Bairro Granja de Freitas, na Região Norte de Belo Horizonte, voltam se reunir nesta quinta-feira para tratar da reintegração de posse das comunidades Rosa Leão, Esperança e Vitória.
Segundo o major Didier Sampaio, subcomandante do Batalhão de Radiopatrulhamento, no encontro a PM vai orientar os sem-teto sobre o plano de ação de despejo, moradias e transporte das famílias.

"A PM sempre procura as melhores práticas e estamos envolvidos com os demais órgãos de defesa social para que não ocorra nenhum tipo de transtorno", disse o major. A reunião de hoje está prevista para às 16h, no auditório do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam), no Centro de BH.

Luiz Fernando Vasconcelos, militante das Brigadas Populares, espera que na reunião os sem-tento sejam informados sobre o destino de cerca de 8 mil famílias e como elas serão transportadas. Vasconcelos criticou a falta de abertura para negociações e teme que a reintegração seja truculenta. "Pode ter conflito com mortes pela falta de diálogo", alertou. Os integrantes da ocupação foram informados sobre a ação nessa quarta-feira em uma reunião na sede do 13º Batalhão.

A reintegração de posse, determinada pela Justiça por meio de liminar, pode ocorrer a qualquer momento. Os trabalhos vão envolver todas as unidades da 1ª Região da PM, batalhões do Comando de Policiamento Especializado (CPE), além de 120 assistentes sociais da Prefeitura de BH, bombeiros, policiais civis e representantes do Ministério Público.

As comunidades Rosa Leão, Esperança e Vitória, estão instaladas em parte de uma área de mais de 3 milhões de metros quadrados. No caso da ocupação Vitória, a permanência de famílias tem impedido a implantação de empreendimento do programa federal Minha Casa, Minha Vida, capaz de abrigar 13,2 mil famílias de baixa renda em Belo Horizonte.
O projeto pretende diminuir o déficit de 62,5 mil moradias dessa faixa na capital mineira.

Com base em cadastro da prefeitura, a PM calcula que 2,5 mil famílias devem deixar a Granja Werneck. O plano prevê que as pessoas sejam encaminhadas para abrigos ou para a casa de parentes em transporte oferecido pela prefeitura, que custeará passagens para quem precise sair da cidade ou do estado.

Com informações de Luana Cruz.