Jornal Estado de Minas

Restauração do Cine Santa Tereza está perto do fim, mas inauguração só em 2015

Restauração do prédio, que abrigará centro cultural, fica pronta em 20 dias. Licitação para compra de equipamentos vai atrasar a abertura

Fachada do prédio da década de 1940: reforma do espaço era promessa desde 2003, quando foi incluída no Orçamento Participativo - Foto: Jair Amaral/EM/D.A Press


Depois de 11 anos de muitas promessas, finalmente chega ao fim a restauração do antigo Cine Santa Tereza, no bairro de mesmo nome, na Região Leste de Belo Horizonte. As obras serão concluídas em 20 dias, mas os belo-horizontinos vão ter que esperar até o ano que vem para desfrutar do Centro Cultural Santa Tereza, que vai funcionar no espaço e será inaugurado somente em 2015. É que a prefeitura ainda vai abrir licitação para compra de equipamentos de som, luz e de projeção e para escolha da empresa que administrará o café. A restauração do prédio, que é da década de 1940, era uma promessa desde 2003, quando a obra foi incluída no Orçamento Participativo. Ontem, a pintura do bar e cafeteria recebia seus últimos retoques, assim como o espaço multi-uso. No andar de cima, vai funcionar uma sala de cinema para 146 lugares. O piso está pronto para receber o carpete cinza e as poltronas. Há um palco junto à tela de projeção que pode ser utilizado em outras atividades culturais.


As características arquitetônicas do espaço interno foram preservadas, mas houve pequenas alterações. A sala de cinema, por exemplo, foi construída na parte de cima, onde ficavam os antigos camarotes. A laje foi expandida, criando um segundo piso. Um verdadeiro trabalho artesanal com gesso foi feito nas paredes do cinema para melhorar a acústica, os chamados difusores prismáticos.

O espaço multiuso, onde era a antiga sala de exibição, no andar térreo, ganhou piso reto e recebeu janelas feitas com tijolos de vidro vazados para ventilação e iluminação. O ambiente interno, que era todo pintado de preto, recebeu branco no teto e marfim nas paredes. O hall de entrada e o café ganharam uma cor mais alegre, de cerâmica.

Todo o espaço foi pensado para receber portadores de necessidades especiais. Há rampas e banheiros adaptados para cadeirantes, assim como uma plataforma para acesso dos mesmos ao segundo andar. A biblioteca já está pronta e nas prateleiras só faltam os livros. Ontem, eram instalados os rodapés. Todo o piso do Centro Cultural é em marmorite. A fachada do prédio é tombada pelo Conselho Municipal do Patrimônio e as características do arquiteto italiano Rafaello Berti, em estilo art-déco, foram preservadas.

O novo espaço também será uma extensão do Museu da Imagem e do Som. Vai receber um acervo de mais de 60 mil itens voltados para a história do audiovisual de Belo Horizonte.
“Com esse material, será possível organizar mostras de cinema, palestras, seminários, oficinas e exposições, juntamente com uma programação cultural que também poderá ter apresentações de música”, disse o diretor do Centro de Referência Audiovisual (Crav), o historiador e advogado Gilvan Rodrigues.

A restauração do prédio começou no início do ano passado e sofreu dois atrasos no cronograma de entrega. Custou R$ 1,7 milhão e foi patrocinada pela mineradora Vale, em contrapartida às obras de modernização da linha férrea entre os bairros Horto, na Região Leste da capital, e General Carneiro, em Sabará, região metropolitana. A prefeitura deve investir mais R$ 1, 5 milhão em infraestrutura e equipamentos.

O antigo Cine Santa Tereza funcionou como sala de exibição até a década de 1980, quando vários cinemas de rua fecharam as portas na capital. No espaço funcionou ainda casas de show e boates, mas nada deu certo. Depois de muitos anos fechados, foi usado para mostras de cinema, até ser fechado para reforma.

Expectativa

Moradores do bairro estão ansiosos para voltar a frequentar as antigas instalações do Cine Santa Tereza. Muitos saudosistas recordam da época em que famílias inteiras iam às matinês. “Vamos voltar a viver os velhos tempos”, suspira a comerciante Maria Elisa Lourenzato, de 60 anos, que há 40 anos levava seus filhos às sessões de cinema à tarde. “É uma alegria olhar o prédio restaurado.

O antigo cinema abrigou um monte de coisas depois e nada foi para frente. O lugar estava abandonado, com lixo acumulando em frente ao prédio. Vai ser excelente ter um centro cultural com cinema e biblioteca no bairro”, disse Maria Elisa.

 

.