Jornal Estado de Minas

Manifestação de ciclistas pede apuração sobre queda de viaduto na Pedro I

Dezenas de ciclistas se concentram na Praça da Estação e devem seguir em protesto até o ponto da tragédia

João Henrique do Vale Landercy Hemerson
Os manifestantes fizeram cartazes e esticaram uma longa faixa amarela na Praça da Estação - Foto: Marcos Michelin/EM/D.A.Press

Dezenas de ciclistas se concentraram na Praça da Estação, no Centro de Belo Horizonte, na noite desta sexta-feira, para uma manifestação. Com faixas, cartazes e uma grande bandeira amarela, o grupo seguiu em protesto até a Avenida Pedro I, mais precisamente no local onde o viaduto Batalha dos Guararapes caiu na última semana matando duas pessoas e ferindo 23. A intenção é cobrar empenho das autoridades nas apurações do acidente.

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A concentração começou na Praça da Estação às 17h. Os manifestantes partiram da Praça da Estação, por volta das 19h, seguindo pela Avenida Antônio Carlos, em direção ao viaduto Batalha dos Guararapes. A Polícia Militar acompanhou todo o percurso controlando a manifestação. Apesar disso, com duas das três pistas da avenida foram ocupados, o que deixou o trânsito complicado no local. Congestionamento chegou a dois quilômetros.



Os manifestantes chegaram no local da tragédia por volta das 20h25. Eles gritaram palavras de ordem no cordão de ilamento e em seguida penduraram diversos cartazes. Uma grande faixa amarela foi pintada com os dizeres “não foi um acidente” e deve ficar pendurada próximo ao viaduto.

A estudante de direito Letícia Domingues, de 21 anos, um das organizadoras do ato, explica que o movimento foi convocado pela Tarifa Zero, pela Massa crítica, BH em Ciclo, e Bloco da Bicicletinha. “Chamamos todas as pessoas que queiram seguir na marcha, não só de bicicleta, mas também por qualquer meio de transporte que não seja automotor”, disse.

Segundo ela, a manifestação também quer chamar a atenção para a necessidade de uma política de mobilidade que contemple outros meios de transportes que não seja o automotivo. “Queremos aproveitar a visibilidade da queda do viaduto para chamar a atenção pela maneira que foram realizados as obras do BRT visando o evento da Copa do Mundo em Belo Horizonte. Queremos uma apuração rigorosa do que ocorreu e para nós não há acidente. Mas, pode ser, a consequência da omissão das autoridades na execuções das obras já que outros viadutos apresentaram problemas”, afirmou.

Letícia espera que o ato chame a atenção para a falta de infraestrutura na cidade e que incentive uma mobilidade plural de transporte e não apenas atenda ao trânsito de veículos automotores.

O estudante de sociologia Bernardo Vaz, de 34, um dos participantes da manifestação, diz que usa sua bicicleta como meio de transporte e critica como são feitas as obras na capital. “Quando se constrói viadutos não são pensados modelos que permitam o uso de bicicletas. Para se ter uma ideia, qualquer ciclista que queira seguir em direção a Antônio Carlos tem que dividir espaços com carros e ônibus nos elevados ou então empurrar a bicicleta pela passarela da Lagoinha”.
Bernardo destaca que o uso de bicicleta não deve ser apenas para o lazer, mas também como veículo de deslocamento para o trabalho e a escola.

Além das bicicletas, outros meios de transportes foram usados pelos manifestantes. A estudante de relações internacionais Annie Oviedo, de 23 anos, preferiu os patins. Ela usa os usa, normalmente, apenas por diversão, mas diz que se tivesse espaço próprios poderia usá-los como meio de transporte. “Se os ônibus fossem adaptados com alças nas laterais acho que dava”, brincou.

Faixa com a mensagem: "não foi um acidente" foi deixada no viaduto Viaduto João Samaha - Foto: Marcos Michelin/EM/D.A.Press

O ato terminou pouco antes das 22h, logo depois de os manifestantes colocarem uma faixa com o texto: "não foi um acidente", no  Viaduto João Samaha, que também faz parte do complexo viário do BRT/Move, e que fica próximo do local do desabamento. A mensagem  foi uma crítica a declaração do prefeito de BH, que disse em entrevista depois da tragédia que "acidentes como esses, infelizmente, acontecem".

 

O grupo deixou a Avenida Pedro I e voltou para a Praça da Estação, onde a manifestação foi iniciada. O trajeto de volta foi acompanhado por viaturas da Polícia Militar.

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