Jornal Estado de Minas

Vizinhos do viaduto que caiu em BH recorrem à Justiça

Moradores do residencial ao lado do viaduto que desabou querem indenização por danos morais e que a construtora Cowan conserte avarias em paredes, muros e pisos do edifício

Jorge Macedo - especial para o EM
Tiago de Holanda e Landercy Hemerson

Parentes e amigos da motorista Hanna Cristina, que morreu no desabamento, participaram da missa de sétimo dia e fizeram manifestação - Foto: Marcos Vieira/EM DA Press
Os moradores do Condomínio Antares, vizinho do Viaduto Batalha dos Guararapes pretendem mandar à Cowan uma notificação extrajudicial pedindo para que a construtora providencie o conserto de danos que teriam sido causados pelo desabamento. “A própria Defesa Civil constatou avarias em paredes, muros e pisos”, disse a advogada dos moradores, Ana Cristina Campos Drummond. Ela ressalta que também pedirá na Justiça indenização por danos materiais e morais, mas ainda não foi definido contra quem a ação será movida. “Vamos pensar em todas as possibilidades jurídicas”, afirma. “Também planejamos fazer um requerimento ao Ministério Público para que a alça que desabou, se for recosntruída, seja erguida mais longe do condomínio”, acrescenta.

Os moradores estão preocupados com o horário em que será executada a demolição da estrutura vizinha. “O coronel (Alexandre Lucas) tinha proposto que ela fosse feita entre as 9h e as 17h, mas alguns moradores entendem que esse período é excessivo. As pessoas já estão muito estressadas”, diz a advogada.

A demolição, aliás, é outra grande preocupação.
Todos os prédios ao lado do viaduto serão monitorados por técnicos especializados. “Estamos trabalhando com o máximo de empenho para que não haja impacto de som e poeira para os moradores dos prédios. Tudo está sendo analisado para avaliar a necessidade de retirar essas pessoas para um hotel por questão de segurança, saúde e conforto”, disse o chefe da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec), coronel Alexandre Lucas. Ele recomendou à Cowan a compra de protetores auriculares para os vizinhos, por causa do barulho.

Hoje, às 20h, será celebrada missa ecumênica em homenagem às vítimas do desabamento, que matou o motorista Charlys Frederico Moreira do Nascimento e a condutora de um micro-ônibus Hanna Cristina dos Santos. Segundo Ana Cristina Drummond, a cerimônia ocorrerá na Avenida Pedro I, ao lado do Parque Lagoa do Nado, perto do viaduto.

Ontem, dezenas de pessoas participaram da missa de sétimo dia de Hanna Cristina. Depois da cerimônia na Igreja de Nossa Senhora da Piedade, no Bairro Itapoã, parentes, amigos e sindicalistas seguiram em caminhada com velas acesas e balões brancos até o local do acidente. Quando chegaram ao cordão de isolamento, a 100 metros do ponto em que o micro-ônibus foi atingido, os manifestantes se uniram num grande círculo em orações, cânticos e pedidos de justiça.

“Nossa família é guerreira. Estamos bem unidos. Hanna lutou muito pelo seu sonho de ser motorista de ônibus e morreu fazendo o que gostava”, disse, resignada, Priscila Carla dos Santos, de 30, irmã mais velha da motorista.

Os pais de Hanna disseram que na tarde de ontem a mulher do prefeito, Regina Lacerda, fez uma visita de solidariedade à família. A mãe, Analina dos Santos, acrescentou ainda que foi procurada por representantes da construtora, mas que preferiu não tratar sobre a questão de um acordo com a empresa ainda, pois estão todos muito abalados.

MP investiga gastos do BRT

O Ministério Público estadual investiga os gastos de recursos públicos nas obras do BRT/Move. Segundo o promotor do Patrimônio Público Eduardo Nepomuceno, a queda do viaduto gera prejuízo.
“É preciso encontrar o responsável por esse prejuízo e cobrar as responsabilidades”, afirmou. A investigação do MP inclui obras dos três trechos do BRT/Move onde aparentemente houve outras falhas, como a demolição da Estação São Gabriel e a reconstrução do asfalto na Avenida Cristiano Machado. O Viaduto Montese, também da Avenida Pedro I, que apresentou deslocamento de 27 centímetros para a lateral em fevereiro e que está interditado, também será alvo de investigação. O MP pediu apoio ao Conselho Regional de Engenharia (Crea-MG) nos levantamentos dos gastos indevidos.
 

 
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