Jornal Estado de Minas

Tragédia na capital

PBH nega falhas em escoras, pressa e superfaturamento em obra de viaduto

A prefeitura se pronunciou sobre vários aspectos da queda do Viaduto Guararapes que matou duas pessoas e deixou 23 feridas

Luana Cruz
Técnicos vistoriam o trecho do acidente, na Pedro I, nesta sexta-feira - Foto: Paulo Filgueiras/EM DA Press

A prefeitura de Belo Horizonte se pronunciou, em nota, na noite desta sexta-feira sobre vários aspectos da queda do Viaduto Guararapes na Avenida Dom Pedro I, tragédia que matou duas pessoas e deixou 23 feridas.
A divulgação é uma síntese dos posicionamentos dos secretários municipais de Saúde, Fabiano Pimenta, e de Obras e Infraestrutura, José Lauro Nogueira, que falaram hoje sobre o acidente. Entre os principais pontos estão as negativas de erro em retirada de escoras e superfaturamento da obra.

A PBH informou que existe uma responsabilidade solidária das entidades e empresas que participaram da obra desde a licitação até a execução. A construtora responsável é a Cowan, cuja sede será palco de manifestação amanhã. A prefeitura reforçou que os serviços de fiscalização de construções são complexos e compreendem a parte de ensaios, coleta de materiais e um detalhado registro do andamento da obra. A Sudecap e a Secretaria de Obras garantem que jamais abriram mão do papel fiscalizador e estiveram diariamente presentes nas obras.

Sobre a possibilidade de falha na retirada de escoras do viaduto que desabou, a PBH disse que as escoras, em nenhum momento foram retiradas contrariando os mais rigorosos padrões de engenharia, levando-se em consideração todos os tempos para que a estrutura fosse considerada estável, para que os elementos de fixação e sustentação fossem considerados confiáveis. “Tudo foi feito com muita consequência e sem nenhum açodamento por parte das empresas ou prefeitura.
Os tempos de retiradas de escoras, no caso do viaduto Guararapes e de todos os elementos das obras voltadas ao BRT, respeitaram os tempos necessários para a estabilização das estruturas. E os testes que foram feitos estão registrados”.

Veja imagens do desabamento

A PBH negou superfaturamento da obras, conforme apontou o Estado de Minas hoje. Segundo a administração municipal, apurações do Tribunal de Contas do Estado e Controladoria Geral da União (CGU) mostraram que o município tomou todas as medidas de ordem técnica e disciplinar para corrigir quatro problemas relacionados às contas da obra na Pedro I.

A administração negou também atraso
na obra dizendo que “não havia data estipulada para a entrega das obras e nem obrigatoriedade para a entrega ser antes da Copa do Mundo, apenas um cronograma referencial contido na licitação”. Justificou o calendário dizendo que “enfrentou um volume expressivo de desapropriações, onde os direitos dos moradores/proprietários/comerciantes/ empresários que tinham propriedades ao longo da via tiveram processo de negociação, sendo que em alguns casos houve recurso do poder judiciário”.

A prefeitura também se posicionou sobre acusações de obra apressada informando que “em nenhum momento a prefeitura passou o carro na frente dos bois” e do ponto de vista da engenharia, o Viaduto Guararapes teve o processo de maturação e desenvolvimento, respeitando as necessidades. Justificou que a retirada do escoramento nada tem a ver com atraso.



Conforme a prefeitura, neste momento todas as providências estão dirigidas a satisfazer as necessidades das autoridades oficiais ligadas à Defesa Civil, perícias técnicas e Polícia Civil. Somente depois desses trabalhos técnicos, será tomada providência para remoção do concreto sobre a via e liberação. Não há qualquer previsão de abertura do trânsito. Sobre o jogo da semifinal da Copa, que será terça-feira na capital, a prefeitura afirmou que tem um plano de ação para garantir a segurança das pessoas que virão para BH.

Por fim, a prefeitura destacou o atendimento feito pelas vítimas no local do acidente coma chegada do Samu em 11 minutos após o acionamento. A administração disse que está prestando apoio psicológico e social à vitimas de ferimentos, assim como solidariedade a familiares dos mortos.
Somente um paciente permanece internado no Hospital João XXIII. Ele inspira cuidados, mas não é uma situação grave.

- Foto: Soraia Piva.