Jornal Estado de Minas

Laudo indica graves problemas estruturais em Terminal de Integração São Gabriel

Perícia aponta falta de parafusos em vigas e peças remendadas no terminal do BRT

Flávia Ayer

Principal estação do novo sistema de transporte de BH, a São Gabriel recebe 80 mil passageiros por dia. Falta ou instalação ineficiente de parafusos é um dos problemas apontados pelo laudo técnico - Foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press

Falta de parafusos em vigas, peças remendadas, sistema de escoamento falho, entre outros problemas. Laudo técnico de engenharia identificou falhas graves na estrutura no Terminal de Integração São Gabriel, no bairro homônimo, na Região Nordeste de Belo Horizonte. Segundo relatório do Instituto Mineiro de Perícias, uma das principais obras do transporte rápido por ônibus (BRT/Move), por onde passam 80 mil pessoas por dia, está em “processo inicial de deformação”. O documento, obtido com exclusividade pelo Estado de Minas, alerta para o risco de ruptura e queda de peças metálicas da cobertura da estação, inaugurada no início de maio e com intervenções ainda não concluídas. A prefeitura sustenta que o terminal funciona em condições de segurança.

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Responsável pelo laudo, o perito judicial Gerson Angelo José Campera, do Instituto Mineiro de Perícias, identificou “inúmeros problemas graves” concentrados na cobertura na estação. Vale lembrar que o terminal do BRT foi inaugurado em maio, antes da conclusão das obras do telhado, que ainda não está pronto. “Existem tubos que precisam de 12 parafusos, mas têm apenas dois, peças empenadas, vários pontos sem saída de água, encaixes que não estão perfeitos.

A estrutura começou a se deformar”, garante o consultor em geotecnia e estruturas.

O perito já atuou em vistorias para a própria Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), no comando das obras, como no rompimento da estrutura de sustentação do Túnel do Ponteio, na BR-356. “O problema maior é que a estação está em uso. Essa estrutura metálica espacial e tubular é muito pesada e há necessidade de se trabalhar de forma simétrica”, aponta Campera, que teme a queda de peças de mais de 200 quilos. Orçado em R$ 44,3 milhões, o terminal, com 22,6 mil metros quadrados, faz a integração entre linhas alimentadoras e o BRT.

EMERGÊNCIA Em seu laudo, o técnico recomenda uma avaliação emergencial quanto ao tráfego de pedestres e a presença do projetista da estrutura metálica para apurar as condições de estabilidade da cobertura, entre outros orientações. Campera diz que ainda está aguardando o envio dos projetos da estação pela prefeitura para verificar a origem dos problemas. “Em 15 dias, concluiremos todas as análises e verificaremos se houve erro de projeto ou desvio na execução”, reforça.

Manoel Rodrigues da Silva Pinto, que prestou serviços para a construtora responsável pelas obras do terminal, afirma que não há dúvidas de que o erro é de execução. “Arranjaram uma empresa para fabricar a cobertura, mas ela não tinha experiência. Os parafusos não entravam no buraco, a estrutura está torta. Tudo foi feito às pressas, sem pessoal qualificado”, alega.

Manoel foi quem informou o vereador Iran Barbosa (PMDB) sobre os problemas no terminal, depois de trabalhar 20 dias no local. O laudo pericial foi encomendado pelo parlamentar, que solicitou à prefeitura que apresente até hoje cronograma emergencial para sanar os problemas. Ele também pede a interdição da estação – a mais importante do corredor do BRT da Avenida Cristiano Machado – até que a segurança dos usuários seja garantida. “Se não fecharem, vou entrar com uma ação civil pública na Justiça.
Há risco de colunas se soltarem e caírem sobre as pessoas”, ressalta.

No início do mês, antes da conclusão do laudo técnico, o assunto foi tema de audiência pública na Câmara Municipal. Na ocasião, a prefeitura informou não haver riscos para os frequentadores. Em nota ao EM, a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, por meio da Sudecap, afirmou ontem que “a Estação São Gabriel encontra-se em operação desde março de 2014, com todas as condições de segurança necessárias”.

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