O número de internações do Sistema Único de Saúde (SUS) em Minas por causa de acidentes de trânsito aumenta a cada ano, segundo dados do Ministério da Saúde reunidos pela Secretaria de Estado da Saúde (SES).
Entre janeiro e 6 de fevereiro deste ano, 1.693 internações (46,37% do total) foram de motociclistas, segundo levantamento feito pela SES a pedido do Estado de Minas. Desse grupo, que inclui condutores e passageiros, 102 pacientes colidiram com carros, picapes ou caminhonetes, 42 bateram em veículos de transporte pesado ou ônibus, e 20 em motorizados de duas ou três rodas. Mais 58 se chocaram com pedestres, animais, bicicletas ou outros veículos não motorizados, objetos fixos ou parados e até em veículos ferroviários (trem ou metrô).
Leandro sofreu deslocamento do ombro direito e fratura exposta na perna esquerda. Está internado há 21 dias. Precisou passar por cirurgias. “Nos primeiros dias doía muito e precisei tomar morfina. O médico falou que posso não recuperar completamente os movimentos do pé esquerdo.
A segunda faixa etária com mais internações é de 30 a 39 anos, com 20.066 casos entre 2008 e 6 de fevereiro deste ano, 19,2% do total. Depois dos motociclistas, os pedestres compõem o segundo grupo de vítimas mais internadas no SUS em Minas. No primeiro bimestre deste ano foram 880 internações (24,10% do total), 110 provocadas por colisões com bicicleta e 56 com veículos motorizados de duas ou três rodas. Outras 45 foram causadas por atropelamentos por carros, picapes ou caminhonetes, e mais 10 por veículo de transporte pesado ou ônibus. A maior parte dos pacientes (663) se envolveu em acidentes de trânsito não especificados pelo ministério.
IMPRUDÊNCIA
O aumento das internações tem três causas, na análise do coordenador do Núcleo de Logística da Fundação Dom Cabral, o doutor em planejamento de transportes Paulo Resende. “Além do aumento da frota de veículos, há a falta de investimento em infraestrutura, o que deixa ruas e rodovias em más condições. Ainda há falhas de comportamento de motorista, pedestre, motociclista e ciclista, que muitas vezes ingerem álcool e são imprudentes.
Resende ressalta que as internações não custam caro apenas para os cofres públicos. Quase metade delas entre 2008 e fevereiro deste ano foram de pessoas entre 20 e 39 anos. “É a faixa etária em que são mais frequentes a ingestão de álcool e outras drogas, a falta de experiência e o comportamento de risco. São jovens que estão no pico da vida útil. Os acidentes geram custos enormes para as empresas privadas e, consequentemente, perdas para a economia nacional. Criam um caso para a produtividade do país.”.